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“Se não é genocídio, não sei o que é”,diz Lula sobre ação de Israel em Gaza

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a dizer que o governo de Israel está cometendo um genocídio contra o povo palestino na Faixa de Gaza. A declaração foi dada na noite desta sexta-feira 23, durante evento da Petrobras no Rio de Janeiro.

“O que o governo de Israel está fazendo com a Palestina não é guerra, é genocídio”, disse Lula, que enfatizou: “Se isso não é genocídio, eu não sei o que é.”

A fala, segundo interlocutores do governo, ecoa o que disse ao presidente brasileiro o primeiro-ministro da Autoridade Palestina, Mohammad Shtayyeh, durante encontro das duas lideranças na semana passada.

O presidente aproveitou a ocasião para falar sobre outra de suas declarações, quando comparou os ataques do governo de Binyamin Netanyahu ao Holocausto nazista.

O episódio gerou uma crise diplomática entre Brasília e Tel Aviv, mas Lula disse que a fala foi mal interpretada e pediu que todos a analisassem em sua íntegra. “Não tentem interpretar a entrevista que eu dei. Leiam a entrevista e parem de me julgar a partir da fala do primeiro-ministro de Israel.”

Durante viagem à África na semana passada, Lula afirmou que as ações militares israelenses na Faixa de Gaza configuram um genocídio e fez um paralelo com o extermínio de judeus promovido por Adolf Hitler. “Sabe, o que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino, não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”, disse o petista na ocasião.

A comparação desencadeou uma crise diplomática com Tel Aviv —Netanyahu disse que Lula “cruzou uma linha vermelha” com a fala “vergonhosa e grave”—, fez o presidente brasileiro ser declarado persona non grata em Israel, gerou críticas da comunidade judaica no Brasil e deu combustível para a oposição bolsonarista desgastar o governo — inclusive tentando reunir apoio para protocolar um pedido de impeachment.

Ainda no discurso desta sexta, Lula fez afirmações que podem ser vistas como uma resposta a pedidos públicos de retratação, vindos inclusive de aliados. “Da mesma forma que eu disse, quando estava preso, que eu não aceitava acordo para sair da cadeia, que eu não trocava a minha liberdade pela minha dignidade eu digo: não troco a minha dignidade pela falsidade”, afirmou.

Ele defendeu ainda a criação de um Estado palestino. “Que possa viver em harmonia com o Estado de Israel. O que o governo de Estado de Israel está fazendo não é guerra, é genocídio. Crianças e mulheres estão sendo assassinados”, disse Lula.

Carla Zambelli protocola pedido de impeachment com 140 assinaturas

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) protocolou na noite de quinta-feira 22 um pedido de impeachment contra o presidente Lula (PT) por ele ter comparado as mortes na Faixa de Gaza ao Holocausto.

A informação foi confirmada pela Secretaria-Geral da Mesa da Câmara dos Deputados. Segundo Zambelli, o pedido reúne assinaturas de 140 deputados federais — inclusive de membros de partidos que são da base aliada do petis- ta no Congresso Nacional. Ela diz que outros cinco parlamentares também indicaram que querem assinar o documento.

A Secretaria-Geral está, agora, conferindo as assinaturas de cada um dos parlamentares.

Apesar de a crise ter dado munição à oposição e ter mobilizado aliados de Bolsonaro em torno do pedido de impeachment, líderes de bancadas no Congresso Nacional afirmam ser zero a chance de a ofensiva prosperar.

A abertura do processo depende do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). Lira não tem prazo para analisar esses pedidos, que podem ficar em sua gaveta por tempo indeterminado. Em caso de arquivamento da solicitação, pode haver recurso ao plenário.

“Minha meta a princípio era cerca de 80 assinaturas, chegamos a 140. Quem sabe agora chegamos em um terço da Casa? A população está pedindo para seus deputados, isso é muito positivo”, diz Zambelli.

Para os deputados, a declaração polêmica de Lula sobre a Guerra Israel-Hamas foi crime de responsabilidade.

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