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Eleições no Congresso representam vitória de Lula, diz analista político

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José Antônio Spinelli classificou as reeleições de Rodrigo Pacheco e Arthur Lira uma derrota para o bolsonarismo

As eleições para as mesas diretoras no Senado Federal e Câmara dos Deputados representam uma vitória expressiva do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). As reconduções do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e do deputado federal Arthur Lira (PP-AL) à liderança no Congresso Nacional são derrotas para o bolsonarismo. Essa é a classificação do analista político e professor de Teorias Sociológicas da UFRN, José Antônio Spinelli.

Para o professor, Arthur Lira ganhou corpo político com a votação histórica de 464 votos para a presidência da Câmara. “A eleição de Arthur Lira representa uma vitória para o presidente Lula contra o bolsonarismo. Embora no passado recente, o deputado tenha sido um aliado importante de Jair Bolsonaro, ele se aliou claramente ao Presidente Lula agora, indicou pessoas para a composição do Governo, e trabalhou para garantir a PEC que garantiu recursos para os programas sociais, como a volta do Bolsa Família”, pontuou.

Lira, portanto, saiu fortalecido porque a condição de presidente da Câmara é importante. “Ele é responsável pela votação do impeachment do presidente da República, além de outros grandes projetos. Vale relembrar o papel de Rodrigo Maia, que se recusou a dar continuidade às propostas de impeachment de Bolsonaro e foi criticado por isso. No caso de Dilma Rousseff, foi a decisão do presidente da Câmara na época que levou ao processo. É uma decisão monocrática do presidente da Casa”.

Segundo Spinelli, o deputado será um interlocutor estratégico do presidente da República. “Lira tem uma capacidade de articulação política muito grande, ele demonstrou isso já que saiu de um campo para outro rapidamente. Ele foi fundamental para Bolsonaro, saiu desse campo e foi para o outro. Isso demonstra que ele vai negociar com o presidente. Claro que, como todo político, já pensando na frente, no futuro”.

A vitória de Pacheco no Senado também foi significativa para a esquerda. “Isso porque o seu oponente foi um representante direto do bolsonarismo, o ex-ministro Rogério Marinho. No discurso na eleição do Senado, inclusive, ele assumiu claramente a pauta do bolsonarismo. Foi um embate entre o grupo de Bolsonaro e o atual governo”. Pacheco recebeu 49 votos e Rogério Marinho, 32.
No Senado, porém, há um equilíbrio mais sensível. “Por lá, passam as indicações de ministros para os tribunais superiores e para representantes diplomáticos do País. Sabemos que, particularmente em relação ao STF, houve muitos conflitos”, observou o analista.

De acordo com o professor, o senador Pacheco, assim como Arthur Lira, também havia apoiado o ex-presidente Bolsonaro e agora precisará conduzir pautas difíceis. “Lula tem pautas polêmicas que possuem repercussão na mídia. Cobrar impostos dos mais ricos e promover uma reforma tributária não são fáceis de passar, pois mexem com interesses de muitos poderosos. Acho que Lula pode conseguir aprovar algumas pautas, mas com muitas negociações e concessões”.

Movimento de Marinho

Rogério Marinho foi ministro do governo Bolsonaro e fez campanha para o ex-presidente em 2022. Ele também foi apoiado por Bolsonaro no pleito para o Senado e foi reprodutor do discurso dele. No discurso para a presidência da Casa, Marinho pediu a volta da “normalidade democrática” e a “tranquilidade da população” – algo interpretado como contraditório.

“Uma parte importante da direita e o próprio Bolsonaro, com as declarações que ele tem dado nos EUA, não tem dado apoio à tentativa de golpe de 8 de janeiro, até porque foi uma coisa derrotada e repudiada pela população. Então aqueles que estiveram envolvidos nos ataques, que incentivaram, agora não querem assumir. Todos voltam atrás. É claro que Marinho foi no mesmo barco”, frisou Spinelli.

Spinelli avalia eleição de Ezequiel Ferreira na Assembleia Legislativa

No Rio Grande do Norte, o deputado Ezequiel Ferreira (PSDB) foi eleito presidente da Assembleia Legislativa por mais quatro anos, ou seja, nos próximos dois biênios da 63ª Legislatura. Todos os 24 deputados estaduais votaram em Ezequiel. Exercendo o sexto mandato consecutivo, Ezequiel também foi presidente da Casa nos últimos oito anos

No Rio Grande do Norte, o deputado Ezequiel Ferreira (PSDB) foi eleito presidente da Assembleia Legislativa por mais quatro anos, ou seja, nos próximos dois biênios da 63ª Legislatura. Todos os 24 deputados estaduais votaram em Ezequiel. Exercendo o sexto mandato consecutivo, Ezequiel também foi presidente da Casa nos últimos oito anos
Para Spinelli, a eleição antecipada para o segundo biênio causa estranheza. “É surpreendente que um presidente de uma Casa legislativa seja eleito para um biênio e já seja eleito antecipadamente para o biênio seguinte. Houve consenso, havia candidatos alternativos que desistiram das candidaturas, os partidos se manifestaram e apoiaram também, houve unanimidade e isso demonstrou que o deputado tem capacidade de articulação política muito grande”.

E continuou: “Mas, talvez, podemos entender como um certo abafamento do conflito, já que é natural que haja conflitos em uma Casa legislativa porque há parlamentares de diferentes pontos de vista ideológicos. Em nome de que? Não sei, mas causa estranheza essa antecipação. Mesmo que isso não seja proibido, o normal é que esperasse esses dois anos. Até porque o cenário político pode mudar”.

O analista crê que o acordo foi costurado nos bastidores, inclusive com a provável participação da governadora do Estado, Fátima Bezerra (PT). “Aliás, foi Francisco do PT quem fez a provocação para realizar a eleição do segundo biênio agora. Isso deve ter sido previamente combinado. É significativo porque é um deputado do partido da governadora. Isso vai facilitar bastante a vida da governadora, nos seus interesses políticos, já que tem um presidente da Assembleia com aliança”.

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