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Professor da UFRN cria espetáculo sobre luto em residência artística em Paris, com estreia prevista para novembro de 2025

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Entre os dias 31 de julho e 13 de agosto de 2025, o artista mineiro René Loui, radicado no Rio Grande do Norte e cofundador do Coletivo CIDA, participa de uma residência artística em Paris, onde inicia o processo de criação do espetáculo “Vigil Torporosa – As danças que não dancei para minha mãe”. A ação integra o Programa Funarte Brasil Conexões Internacionais e faz parte das atividades do Ano Cultural Brasil-França 2025, com apoio da Fundação Nacional de Artes (Funarte), vinculada ao Ministério da Cultura do Brasil.

O espetáculo parte de uma experiência pessoal do artista: o luto pela morte de sua mãe, vivenciado este ano. Mais do que representar o luto, o espetáculo busca habitá-lo como gesto artístico onde René investiga, por meio da dança e de outras linguagens cênicas, o limiar entre presença e ausência. O nome da obra vem de um termo médico encontrado no prontuário da mãe — “vigil torporosa” — que se refere a um estado entre a vigília e a inconsciência. A partir disso, o espetáculo propõe uma reflexão sensível, ética e política sobre o luto.

Dez anos após “Etéreo”, seu primeiro solo coreográfico, também criado durante uma residência artística internacional, René retorna ao tema do luto com novas camadas de complexidade e maturidade. Se antes o luto era uma forma de resistência estética, agora ele surge como um território íntimo e coletivo, onde exaustão, permanência e transformação se entrelaçam.

“Vigil Torporosa” é uma obra em construção que propõe uma linguagem híbrida, reunindo dança, performance autobiográfica, teatro documental e acessibilidade como parte da dramaturgia. Ao invés de utilizar recursos como LIBRAS, legendas e audiodescrição apenas como ferramentas técnicas, o espetáculo os incorpora como elementos poéticos e políticos, ampliando o alcance da obra e tornando o luto uma experiência partilhada e sensível.

Durante a residência em Paris, René estará acompanhado de Arthur Moura, produtor artístico e executivo do Coletivo CIDA. A dupla já realizou outra residência artística na França em 2023, na Maison de la Culture (MC2), em Grenoble. Agora, a nova experiência se desenvolve nas ruas de Paris, especialmente em espaços do circuito underground, como galerias alternativas, praças, estações e becos. A cidade é tratada não apenas como cenário, mas como um corpo sensível que dialoga com a criação.

A residência conta ainda com a colaboração crítica do artista visual e performer franco-brasileiro Daniel Nicolaevsky Maria, parceiro artístico de René desde 2021. Daniel contribui para a construção da dramaturgia e da visualidade do espetáculo, explorando temas como precariedade, suspensão e escuta.

Outro parceiro de longa data que participa do processo é o artista sonoro mexicano Fabian Aviila Elizalde, responsável pela trilha do espetáculo. René e Fabian trabalham juntos desde 2018, desenvolvendo uma linguagem cênica que une som, corpo e paisagem como elementos dramatúrgicos. Em Paris, eles irão captar os sons da cidade para compor a ambientação sonora da obra.

Ao final da residência, será realizada uma mostra de processo em Paris, em formato intimista e relacional, ativando o espaço urbano como parte da dramaturgia. No retorno ao Brasil, novas partilhas serão realizadas em Natal, com destaque para encontros no Departamento de Artes da UFRN, onde René Loui é professor, e na sede do Coletivo CIDA, a Casa Tomada, em formato de leitura pública e troca com a comunidade artística e acadêmica.

A estreia de “Vigil Torporosa – As danças que não dancei para minha mãe” está prevista para novembro de 2025, em Natal. A circulação nacional deve ocorrer no primeiro semestre de 2026.



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