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Sisu: MEC divulgou lista errada de aprovados porque não havia terminado de analisar todas as categorias de cotas

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Fontes ligadas ao Ministério da Educação (MEC) afirmaram ao g1, neste sábado (3), que as primeiras listas de aprovados do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), divulgadas em 30 de janeiro, estavam erradas porque não haviam sido finalizadas pela pasta. Os resultados ainda estavam “rodando” internamente, para que todas as regras de cotas fossem aplicadas, quando o site do Sisu passou a exibir as classificações precocemente.

Depois de cerca de 25 minutos, a página com as informações equivocadas foi tirada do ar. No dia seguinte, os resultados definitivos e corretos foram divulgados, e alunos que já haviam comemorado a aprovação na universidade descobriram que estavam fora da lista de classificados.

Publicamente, o MEC admitiu apenas que houve “uma divulgação indevida de resultados provisórios, ainda não homologados”. Segundo a pasta, o episódio está sendo rigorosamente investigado.

No meio do cálculo das cotas, a lista foi publicada
Em 2024, pela primeira vez, o Sisu passou a seguir um novo critério na distribuição de vagas:

• Todos os candidatos concorreram, primeiramente, às vagas de ampla concorrência (mesmo aqueles inscritos como cotistas). Se a universidade X ofereceu 10 vagas nessa modalidade, os 10 alunos com notas mais altas já foram selecionados aqui.

• Os cotistas que não conseguiram se classificar na ampla concorrência passaram, aí sim, a ser considerados para as vagas de políticas afirmativas.

Entra aqui uma “escadinha” de tipos de cotas: primeiro, todos os inscritos (sejam cotistas por renda, por raça ou por escola pública) foram avaliados para as vagas de “alunos que estudaram integralmente em escola pública, independentemente da renda”.

Eram 10 vagas? Então, os dez candidatos com notas mais altas já ficaram garantidos aqui, mesmo que tivessem se inscrito na modalidade de quilombolas, de indígenas ou de pessoas com renda menor do que 1 salário mínimo, por exemplo.

Quem ficou de fora desse primeiro “degrau” passa para o segundo: pessoas que tenham estudado “integralmente em escola pública, independentemente de renda, e que tenha uma deficiência”. O candidato se encaixa nesse critério? Sua nota está entre as mais altas? Ele já é classificado aqui.

Depois, o terceiro degrau: vêm os alunos que estudaram “integralmente em escola pública, independentemente de renda, e que se autodeclaram pretos, pardos ou indígenas”. Eram 5 vagas? Ficam as 5 maiores notas aqui, mesmo que os alunos tivessem se inscrito em modalidades mais específicas de cota, como pretos, pardos e indígenas E de baixa renda.

São, ao todo, 8 “degraus” considerados:

  • 4º degrau: integralmente em escola pública, independentemente de renda, que se autodeclarem pretos, pardos ou indígenas;
  • 5º degrau: integralmente em escola pública, com renda familiar bruta igual ou inferior a 1 (um) salário-mínimo per capita;
  • 6º degrau: integralmente em escola pública, com renda familiar bruta igual ou inferior a 1 (um) salário-mínimo per capita, que sejam pessoas com deficiência;
  • 7º degrau: integralmente em escola pública, com renda familiar bruta igual ou inferior a 1 (um) salário-mínimo per capita, que se autodeclarem quilombolas; e
  • 8º degrau: integralmente em escola pública, com renda familiar bruta igual ou inferior a 1 (um) salário-mínimo per capita, que se autodeclarem pretos, pardos ou indígenas.”

Para que há a nova regra de cotas?
Até 2023, os candidatos só eram considerados para a categoria de cotas no qual haviam se inscrito, sem esse remanejamento.

A ideia da nova política de ações afirmativas, definida pela portaria nº 2.027, de 16 de novembro de 2023, é possibilitar o acesso à universidade a mais cotistas.

Uma pessoa autodeclarada preta, por exemplo, que tirar uma nota mais alta do que a exigida na ampla concorrência, será aprovada na “lista geral” e não tirará a vaga de um cotista com desempenho mais baixo.

Linha do tempo: os erros do Sisu 2024

  • O resultado do Sisu, segundo o edital, estava marcado para sair em 30 de janeiro. Alguns estudantes conseguiram visualizar a lista de aprovados na manhã daquele dia, até que a página ficou instável e saiu do ar.
  • Às 20h da mesma data, sem dar detalhes, o MEC informou que “identificou problemas técnicos no sistema e reiniciou os protocolos de homologação”, adiando a divulgação dos resultados para quarta-feira (31).
  • Quando, na quarta, as listas definitivas finalmente foram divulgadas, a classificação estava diferente da exibida no dia 30.
  • Estudantes aprovados na véspera — e que chegaram a pintar o rosto com tinta, em comemoração, e a dividir a notícia com os amigos e familiares — caíram posições e descobriram que não haviam conquistado a vaga na universidade.
  • Em 2 de fevereiro, o MEC admitiu que houve foi uma divulgação indevida de resultados provisórios

A pasta não respondeu se algo será feito para reparar a frustração desses alunos — declarou apenas que eles, como todos os que não foram aprovados, podem manifestar interesse em participar da lista de espera até 7 de fevereiro.

“O sistema é seguro, e os resultados oficiais não serão modificados”, afirmou a pasta.

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