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O Rio Grande do Norte é o único estado do Nordeste a ter mais trabalhadores formais com registro na carteira de trabalho (CLT) do que beneficiários do Bolsa Família. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social (MDS).
“Um resultado desses não pode ser atribuído a uma única medida. Mas, no caso do RN, há um esforço de geração de emprego do Governo do Estado, que vem desde o primeiro governo Fátima (Bezerra, governadora do RN). Criar o Proedi (Programa de Estímulo ao Desenvolvimento Industrial do Rio Grande do Norte), significa investimento público na atração de negócios. Antes tínhamos fuga e hoje temos um estado mais atrativo. Além disso, também há esforço do governo federal para o desenvolvimento econômico”, avalia Íris Maria de Oliveira, titular da Secretaria de Estado do Trabalho, da Habitação e da Assistência Social (Sethas).
Ao todo, em abril deste ano, foram 539.412 vínculos formais de trabalho (com exceção do setor público) e 497.853 famílias beneficiárias no Rio Grande do Norte.
Nos estados do Nordeste, a Bahia tem 2,46 milhões de famílias no Bolsa Família para 2,18 milhões de empregos formais. Em Pernambuco, são 1,58 milhão de famílias beneficiárias para 1,52 milhão de vínculos CLT. A média de mais beneficiários do bolsa família do que vínculos celetistas segue no Ceará (1,45 milhão famílias/ 1,42 milhão), Maranhão (1,23 milhão / 666 mil CLTs), Paraíba (667 mil / 515 mil), Alagoas (533 mil / 454 mil), Piauí (590 mil / 368 mil) e Sergipe (378 mil / 344 mil).
Apesar de ser o único estado a obter esse tipo de resultado, o Rio Grande do Norte vem conseguindo manter essa média de mais CLTs do que beneficiários do Bolsa Família há 14 meses seguidos, com a série tendo iniciado em março de 2024.
Falsa ideia
Diante dos dados, a secretária da Sethas também rebateu a fala do empresário Ricardo Faria, conhecido como “rei do ovo”, que em entrevista ao jornal Folha de São Paulo disse que “as pessoas estão viciadas no Bolsa Família”.
““A realidades desmonta essa falsa ideia de que pessoas do CadÚnico não querem trabalhar. O que as pessoas não querem é se submeter a trabalhos precários e indignos, isso o Bolsa Família permite recusar. Se imaginarmos a situação de mulheres com filhos que não dispõem de creches, por exemplo. Óbvio que essa mãe, tendo Bolsa Família, pode optar por cuidar das crianças e complementar a renda de uma outra forma ao invés de se submeter a jornadas de 14h deixando a criança menor com maior… A política de cuidados está reconhecida, é lei, os estados precisam garantir serviços para quem cuida e é cuidado”, explica Íris.
““Essa é a oportunidade que o Bolsa Família permite, fazer escolhas. Alguns trabalhadores não aceitam mais trabalhar na safra, isso ocorre porque muitas vezes é oferecida uma renda muito baixa e é importante que possam recusar trabalho precário, quase escravo. Não é que pessoas do CadÚnico recusam trabalho. Se tem trabalho digno, elas se inserem no mercado”, acrescenta Íris.