São Paulo – O histórico médico do apresentador Fausto Silva – o Faustão – contribuiu para que o artista fosse priorizado entre os pacientes que aguardavam por um transplante de rim em São Paulo na última segunda-feira (26/2).
Da mesma forma que ele, todos os paulistas que já passaram por um transplante de coração, pulmão, pâncreas, rim ou fígado são considerados prioritários caso precisem de outra cirurgia deste tipo, segundo o médico Lucio Requião, secretário geral da Sociedade Brasileira de Nefrologia.
O fator está entre os três critérios que podem diminuir o tempo de espera para uma pessoa receber um rim em São Paulo, de acordo com o especialista. Entenda abaixo quais são estes critérios e por que eles existem:
Impossibilidade de diálise
Pacientes com problemas renais costumam fazer sessões de diálise, uma filtragem do sangue com a ajuda de máquinas, enquanto esperam sua vez na lista de espera para um transplante.
Se a pessoa, no entanto, apresentar alguma condição de saúde que impossibilite totalmente a realização do procedimento, ela entra na lista de prioridades para receber o novo órgão, já que sua saúde fica em risco.
Lucio explica que isso acontece, por exemplo, com pessoas que têm obstrução nas veias utilizadas para o processo de hemodiálise e também não conseguem realizar a chamada diálise peritoneal, que faz a filtragem do sangue por meio de uma membrana.
“Se isso estiver confirmado, através da avaliação clínica e de exames complementares, uma junta médica pode autorizar a priorização”, diz o médico.
Pacientes que já doaram órgãos
A legislação paulista também permite que pacientes que já foram doadores de órgãos no passado possam ter prioridade para receber um transplante caso precisem. Lucio diz que a ideia da lei, neste caso, é fazer uma espécie de “ajuste social”.
“Pelo fato de ter causado um bem à sociedade no passado, ela é recompensada do ponto de vista social como uma prioridade”, afirma o nefrologista.
Neste caso, a priorização está restrita aos pacientes de São Paulo, já que a regra é estadual.
Pacientes que já receberam órgãos
O terceiro critério está relacionado aos pacientes que já foram receptores de órgãos antes, como no caso do apresentador Faustão. O especialista diz que o uso de imunossupressores, necessários para que não aconteça a rejeição do órgão transplantado, pode afetar a capacidade renal do paciente após a cirurgia em alguns casos.
“É possível que esses pacientes evoluam para uma insuficiência renal e precisem fazer diálise”, afirma Lúcio.
O médico diz que a priorização neste caso é uma medida importante para garantir a sobrevivência da pessoa, já que ela não pode deixar de tomar o imunossupressor, mas também precisa ter o rim em funcionamento.
A regra neste caso vale apenas para quem teve transplante dos chamados “órgãos sólidos”, o que deixa de fora, por exemplo, pessoas que receberam transplante de córnea.
Critérios se somam
Os três casos de prioridade citados pelo médico se somam aos outros fatores que também são levados em consideração na lista de espera para transplante, como a compatibilidade sanguínea.
“Existe uma sequência de checagem quando tem um doador”, afirma Lúcio, que ressalta a seriedade do Sistema Nacional de Transplantes.
“Não tenho a menor dúvida de que está entre as politicas públicas mais bem sucedidas do país. O programa brasileiro de transplantes é uma política pública exemplar e que serve de exemplo para todos os países do mundo”.
A lista de espera inclui pessoas da rede pública e privada e é única para todo o país, mas cada estado gerencia as doações para seus moradores. A população de um estado tem prioridade para receber os órgãos doados naquele mesmo local.