Considerada a maior romanceira do Brasil, a potiguar Dona Militana é homenageada na exposição “Dona Militana: tradução estética de narrativas da romanceira potiguar”, que será aberta neste sábado (8), às 10h, na Pinacoteca do Estado do Rio Grande do Norte, em Natal. A mostra é organizada pela Editora da UFRN (EDUFRN) e segue até o dia 28 de março, com visitação gratuita.
A exposição sensorial e interativa celebra os 100 anos de nascimento de Dona Militana, que é natural de São Gonçalo do Amarante. Nascida no sítio Oiteiros, na comunidade de Santo Antônio dos Barreiros, em 19 de março de 1925, ela era filha do Mestre do Fandango Atanásio Salustino do Nascimento e de Maria Militana do Nascimento.
Com curadoria de Angela Almeida, Rafael Sordi Campos e Marcos Paulo Pereira, a mostra propõe um mergulho na trajetória da artista potiguar, reconhecida por preservar e interpretar os romances medievais ibéricos, transmitidos oralmente por gerações. O projeto ocupa três salas interligadas da Pinacoteca e apresenta instalações artísticas, paineis interativos e objetos do cotidiano da romanceira.
De acordo com informações da Prefeitura de São Gonçalo do Amarante, Militana cantava seus cantos medievais, além de modinhas, coco, xácaras, moirão, toadas de boi, aboios e fandangos. “Sua memória guardava, por tradição oral, um considerável acervo, o que fez dela uma enciclopédia viva da cultura popular”. Em setembro de 2005, a potiguar recebeu das mãos do presidente Lula da Silva a Comenda Máxima da Cultura Popular, em Brasília.
Abertura da mostra
A solenidade de abertura da exposição, neste sábado (8), contará com a participação especial do Grupo Congos de Combate, expressão folclórica da cidade natal de Dona Militana. Com suas danças e ritmos ancestrais, o grupo expressa a conexão entre a memória da romanceira e a cultura popular afro-brasileira, destacando o papel da oralidade na preservação das tradições.
Os visitantes poderão explorar a obra de Dona Militana por meio de um circuito expositivo que dialoga com sua trajetória de vida e a tradição oral nordestina. A mostra inclui instalações como o Raízes da Memória – homenagem à forma como Dona Militana guardava e transmitia os romances aprendidos desde a infância. A instalação utiliza balaios criados por artesãos de São Gonçalo do Amarante e elementos naturais que remetem ao seu cotidiano no roçado.
Outra instalação é Reino de Oiteirosuma interpretação simbólica do Sítio Oiteiro, onde Dona Militana viveu. A instalação combina referências da cultura popular nordestina e dos reinos africanos, evidenciando a fusão entre tradição oral, identidade negra e influências ibéricas.
Também faz parte da exposição a instalação Baluarte – uma torre de resistência cultural, que representa a força e a determinação de Dona Militana em preservar a tradição oral. Inspirada na arquitetura dos castelos medievais, a instalação reafirma seu papel como guardiã dos romances populares.
Água é outra instalação que relaciona a fluidez da água com a oralidade e a transmissão cultural entre Brasil, Portugal e África. Com o uso de cabaças e fios, a obra ilustra o movimento contínuo das narrativas ao longo do tempo.
A exposição se inspira no livro “Dona Militana: tradução estética de narrativas da romanceira potiguar” (EDUFRN, 2024), de Angela Almeida. A obra combina texto e imagens para refletir sobre memória, identidade e resistência cultural, expandindo a experiência dos romances cantados por Dona Militana. O livro está disponível gratuitamente no Repositório Institucional da UFRN.
Informações
- Exposição Dona Militana: tradução estética de narrativas da romanceira potiguar
- Abertura: 8 de março, às 10h
- Local: Pinacoteca do Estado do RN (Praça Sete de Setembro, Cidade Alta, Natal/RN)
- Período de visitação: 8 a 28 de março de 2025
- entrada livre