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Ameaças de ataques a escolas do DF aumentaram 1.147% em 2023

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Apenas nos quatro primeiros meses de 2023, o Distrito Federal registrou 237 ameaças de ataques a escolas. O número representa um aumento de 1.147% em comparação com o ano passado inteiro, quando houve 19 ocorrências relacionadas a atentados em instituições de ensino.

Os dados, solicitados pelo Blog, foram coletados do Sistema Polaris, da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). No período entre 2019 e 2023, foram registradas 280 ocorrências relacionadas a ataques em instituições de ensino, sendo que 84,64% delas correspondem a este ano.

Somente o mês de abril de 2023 é responsável por 78.93% do total de ameaças a escolas nos últimos cinco anos.  De acordo com a PCDF, estudos apontam que o aumento de casos no mês tem relação com o massacre de Columbine, nos Estados Unidos, e o aniversário do líder nazista Adolf Hitler.

Com 38 ocorrências, o dia 10 de abril teve mais incidências do que os últimos quatro anos juntos. No dia seguinte, foram 33 ameaças. Em 13 de abril, 28 registros.

Segundo o Ministro da Justiça, Flávio Dino, a data tem sido “carregada de aniversário do inspirador dessa gente extremista, simbolismo, seja pela ocorrência desse terrível massacre nos Estados Unidos.”

No DF, nenhuma ocorrência relacionada a ataques a escolas acabou em mortes. Mês passado, a PCDF prendeu um aluno da Universidade de Brasília (UnB) e também realizou apreensões de menores, no enfrentamento a estes supostos ataques.

Os anos anteriores registram um número bem menor de ocorrências do tipo, sendo 23 ameaças em 2019. Em 2020, não houve casos, e só houve um registro em 2021.

Isso pode ser explicado, segundo a PCDF, porque houve o fechamento das escolas em todo o Brasil por conta da pandemia de Covid-19. Os dados desconsideraram as ocorrências duplicadas da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente e excluíram outros eventos como conflitos e brigas entre estudantes.

Regiões administrativas

Entre as regiões administrativas com maiores registros estão Taguatinga, sendo responsável por 11,07% de todas as ameaças entre 2019 e 2023. Outras cidades com grande quantidades foram Brasília (10,36%); Gama (8,57%) e Ceilândia (8,21%).

No período analisado, de 2019 a 2023, nas ocorrências relacionadas a ataques em escolas, a ameaça foi o meio mais empregado em 71,43% dos casos. Ressalta-se também o suposto uso de armas brancas e armas de corte que somam juntas 4,64% do total.

O psicólogo Mauro Gleisson, pesquisador da interface dos fenômenos de juventude, escola e violência, comenta que as escolas são os alvos e elas encontram-se sozinha na vanguarda de enfrentamento dos fatores de risco à saúde mental.

Para o especialista, os responsáveis por este tipo de violência são símbolos de uma sociedade vivem em crise com a lei.

“São sujeitos com dificuldades de pertencimento, que encontram acolhimento e pertencimento nesses grupos de iguais: machos tóxicos, adoecidos e reforçados pelos discursos de ódio que ganharam expressão em nosso país nos últimos anos”.

O psicólogo explica que as ameaças propagam “uma cultura do medo”, que serve como pano de fundo para excessos. “Todos os sujeitos que estudei desses ataques têm uma clara necessidade de serem vistos e publicizados”, diz Gleisson.

Professor da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília (UnB) e especialista em segurança pública, Wellinton Caixeta diz que violências perpetradas no ambiente escolar têm múltiplas causas e, geralmente, evidenciam a continuidade de outras violências sofridas pelos atores escolares em outros espaços e âmbitos da vida pública e privada.

“A onda de ameaça de ataques contra escolas pode também ser um continuum dos conflitos acontecidos na escola e, muitas vezes, protagonizados pela escola e seus agentes institucionais, ou seja, em um seio escolar no qual a agressão e a linguagem do ódio e da intolerância se tornaram código de sociabilidade violenta compartilhado”, explica Caixeta.

Para o especialista, é fundamental construir uma associação entre escola, famílias e governo para fortalecer políticas de segurança pública escolar e construir redes de proteção da comunidade escolar. O professor comenta que a imprensa deve evitar também a ação de criminosos.

No Distrito Federal, o pesquisador ressalta que temos o primeiro Batalhão de Policiamento Escolar criado no país. “Iniciativas como essa devem assumir destaque e ser amplamente divulgada, até mesmo como forma de exercício da transparência e do controle externo da atividade policial”, indica.

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