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Ouro Branco

A FUNDAÇÃO DE OURO BRANCO—RN

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Hoje, dia 28 de setembro de 2025, com pompa e circunstância, ocorrerá a comemoração dos 235 anos de fundação de Ouro Branco promovida pela Prefeitura Municipal de Ouro Branco. Segundo a Lei Municipal n° 988/2022, sancionada pelo executivo municipal em 2022, Ouro Branco foi fundado em 28 de setembro de 1790.

Assim, desde 2022 a prefeitura municipal vem promovendo eventos festivos nessa data. Esta Lei coloca Ouro Branco na vanguarda do processo de formação e povoamento do Seridó. Caso essa data de fundação fosse realmente verdade, provavelmente Caicó (antiga Vila Nova do Príncipe), Acari e Jardim do Seridó (antigo povoado Conceição do Azevedo), surgiram como distritos de Ouro Branco. Poderíamos até acreditar que Ouro Branco nao faz parte do Seridó, mas, ao contrário, o Seridó faz parte de Ouro Branco.

Ironias a parte, vamos nos atermos aos fatos históricos que demonstram que essa fundação em 28 de setembro de 1790 nunca existiu.

PRIMEIRO FATO HISTÓRICO

O primeiro ato administrativo/político criando algo nas terras que atualmente pertencem ao município de Ouro Branco ocorreu no dia 03 de outubro de 1862, há exatos 162 anos. Foi quando Pedro Leão Velloso, a época Governador da Província do Rio Grande do Norte, criou o Distrito do Espírito Santo, sediado na área da antiga fazenda Espírito Santo, pertencente à Vila do Jardim, atual Jardim do Seridó. Ou seja, Ouro Branco surgiu como distrito de Jardim do Seridó há 162 anos. Assim sendo, não podemos perverter a lógica do bom senso, ora, se Ouro Branco nasceu como distrito de Jardim do Seridó em 1862, não pode a sua fundação hoje ser anterior ao município de Jardim do Seridó. É uma questão lógica e histórica. Como eu já falei em outro texto, um filho não pode ser mais velho que o pai, mas em Ouro Branco, atualmente, essa lógica foi para o espaço.

MAIS UM FATO HISTÓRICO

No ano de 1905, há exatos 120 anos, os moradores dos sítios Espírito Santo, Poção, Esguicho, Cobiçado, Lajes, Volta do Espírito Santo e outras localidades elaboraram um abaixo-assinado, que contou com trinta e três assinaturas, pedindo a autorização para a criação de uma feira no distrito do Espírito Santo. O abaixo-assinado foi entregue a Intendência Municipal de Jardim do Seridó, que estava sob a presidência de Felinto Elísio de Azevedo. Este autorizou a instalação da feira que ocorreu no dia 16 de julho de 1905, próximo a casa de Manoel Vitalino de Souza, morador no sítio Espírito Santo. A feira foi instalada na atual Rua Tenente Manoel Cirilo (Rua de Baixo). A primeira feira foi um sucesso e em pouco tempo os moradores de sítios e fazendas começaram a construir casas e comércios próximo ao local da feira. Em 16 de julho de 1905 só havia a casa de Manoel Vitalino de Souza naquele local, já em 1910, cinco anos após a primeira feira, já existiam 40 casas construídas no entorno do local da feira (Rua de Baixo), além dos comércios de Pedro Gonçalves (bodega), Carneiro Virgolino (loja de tecidos), Silvéria Gorda (hotel) e Abdom Nóbrega (miudezas). Lembrando que o distrito do Espírito Santo foi criado em 1862, mas não houve desenvolvimento urbano. Somente a partir da consolidação da feira que ocorreu a expansão urbana.

Em síntese, todo esse processo de expansão urbana a partir da primeira feira culminou com o processo emancipatório que ocorreu em 21 de novembro de 1953. Ou seja, Ouro Branco surgiu como distrito de Jardim do Seridó em 03 de outubro de 1862, sendo instalada a feira em 16 de julho de 1905, e a partir do rápido crescimento urbano devido a feira, surgiu na década de 1930 um movimento emancipatório, primeiro liderado pelo comerciante José Nunes de Figueiredo, e posteriormente pelo homeopata Luiz Bassilisso, que contou com amplo apoio popular, culminando com a emancipação politica em relação a Jardim do Seridó.

FINALIZANDO

Tem um ditado que diz:”errar é humano”. Realmente todos nós cometemos erros ao longo das nossas vidas. No entanto, o importante é termos humildade e sapiência para reconhecermos os nossos erros e corrigí-los.

José Fabrício de Lucena, filósofo, genealogista e escritor. Autor dos seguinte livros:

●Ouro Branco: de 1722 a 1954;
●História de Ouro Branco Narrada em Poesia;
●Família Tavares: a descendência do português José Tavares da Costa;
●Cronologia ourobranque (1722-2022): da Fazenda Espírito Santo ao município de Ouro Branco;
●Famílias do Esguicho.

Em breve estarei lançando outra obra de genealogia.

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