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Vereadores governistas rejeitam requerimentos em retaliação a Samanda Alves

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Por nove votos a sete, com duas abstenções, os vereadores da capital derrubaram um conjunto de requerimentos apresentados pela vereadora Samanda Alves (PT) na sessão da última quarta-feira (14) da Câmara Municipal de Natal (CMN). A parlamentar reagiu afirmando que a atitude dos seus colegas era uma “retaliação” depois que ela articulou, no dia anterior, uma discussão sobre mudanças previstas no Plano Municipal de Educação (PME).

A vereadora explicou que havia apresentado uma proposta de realização de audiência pública para discutir o tema durante reunião da Comissão de Educação, que é presidida pelo vereador Cláudio Custódio (PP). Apesar de aceitar a proposição, o parlamentar negou posteriormente que o debate tivesse sido agendado.

Samanda Alves contou que seu gabinete já vinha trabalhando na divulgação da audiência, que precisou ser adiada diante da atitude do presidente da Comissão de Educação. No entanto, como os convidados não foram informadas do adiamento, terminaram comparecendo na data prevista à CMN.

Apesar de não haver audiência, o público presente acompanhou a reunião que estava acontecendo Comissão de Direitos Humanos, Cidadania, Trabalho e Minorias (CDHCTM), presidida pela vereadora Thabatta Pimenta (PSOL), onde foi aberto espaço para assegurar a escuta popular sobre as mudanças na matriz curricular do ensino municipal de Natal.

“As pessoas já estavam na Câmara Municipal. Dialogamos com a Comissão de Direitos Humanos e foi acordado dar espaço para as falas. Não desrespeitei rito nenhum. Lamento estar sofrendo uma retaliação por defender a educação pública de qualidade em Natal”, protestou a vereadora.

A iniciativa da petista desagradou seus colegas de CMN, que, capitaneados pelo vereador Leo Souza (Republicanos), fizeram o movimento para rejeitar os requerimentos de Samanda Alves.

Para Samanda, houve machismo na retaliação

Além de retaliação, Samanda denunciou que o movimento teve um viés machista. “Teve machismo sim. Eu questiono se eles teriam tido esse mesmo comportamento se fosse um vereador homem”, declarou.

As três proposições apresentadas pela vereadora tratavam de solicitações de realização de operação tapa-buraco em algumas ruas da cidade. A iniciativa de retaliar a petista foi puxada pelo vereador Léo Souza, que pediu destaque apenas para as matérias apresentadas pelo mandato da parlamentar.

Retaliação foi puxada pelo vereador Leo Souza, que pediu destaque dos requerimentos apresentados pela petista. Foto: Elpídio Júnior / CMN

Após a leitura dos requerimentos, votaram contra as proposições o próprio Léo Souza, seguido dos vereadores Cládio Custódio (PP), Robson Carvalho (União Brasil), Preto Aquino (Podemos), Luciano Nascimento (PSD), Kleber Fernandes (Republicanos), Irapoã Nóbrega (Republicanos), Daniel Santiago (PP) e Daniel Rendall (Republicanos).

Ao declarar o voto contrário aos requerimentos, Irapoã Nóbrega, que é um dos alvos da ação de abuso de poder econômico e político movida pelo Ministério Público Eleitoral (MPE), afirmou que se tratava de um “puxão de orelha” na vereadora. “Fica no cantinho da parede do castigo”, debochou o parlamentar.

Atuação da parlamentar tem incomodado bancada governista

Pessoas próximas à vereadora disseram que a reprovação dos requerimentos evidenciou que a atuação parlamentar dela vem “incomodando” a bancada de apoio do prefeito Paulinho Freire (União Brasil) na CMN. O debate na Comissão de Direitos Humanos teria sido a “gota d’água”.

Outra atitude que desagradou a bancada governista foi o mandado de segurança apresentado pele petista, que culminou com a anulação do título de cidadão natalense concedido ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Ao ingressar com a ação judicial, Samanda Alves argumentou que os vereadores que aprovaram o título ao ex-presidente “atropelaram o regimento interno” da Câmara Municipal de Natal, além de negarem o direito ao pedido de vistas feito pela vereadora na Comissão de Educação.

Movimentos estudantis repudiam retaliação

O Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (DCE-UFRN) e a União Estadual dos Estudantes (UEE) divulgaram uma nota conjunta de solidariedade a Samanda Alves.

No texto, assinado também por outros movimentos estudantis, as entidades dizem repudiar “com veemência os ataques machistas sofridos pela vereadora, assim como o projeto que altera de forma irresponsável a matriz curricular da educação municipal, comprometendo a qualidade do ensino ao permitir que disciplinas específicas sejam ministradas por profissionais sem a devida formação”.

A vereadora Brisa Bracchi (PT) também manifestou apoio à colega petista em mensagem postada nas suas redes sociais.

“Tem dias que ser mulher de esquerda no parlamento não é nada fácil e ontem foi um deles. Uma ofensiva da direita contra a atuação corajosa de Samanda e da bancada de oposição que ontem deu voz aos profissionais da educação que queriam ser ouvidos diante de um dos maiores retrocessos na educação de Natal nos últimos vinte anos. Mas quem mexer com uma, mexe com todas! Seguiremos firmes, com coragem e ousadia”, escreveu Brisa Bracchi.

A audiência pública sobre o Plano Municipal de Educação foi remarcada para a sexta-feira (16), a partir das 9h, no plenário da CMN.

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