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Entre os dez municípios potiguares com maior percentual de pessoas ocupadas no setor cultural no Rio Grande do Norte, sete são da microrregião Seridó, mostra o Sistema de Informações e Indicadores Culturais 2013-2024 (SIIC) divulgado nesta sexta-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estudo compila diversas pesquisas para apresentar um amplo panorama da cultura no Brasil e nos estados, abrangendo empresas, mercado de trabalho e outros indicadores setoriais.
A partir de dados do Censo Demográfico de 2022, o levantamento revela a vocação do Seridó para atividades têxteis, cerâmica, música entre outras.
Municípios com maior percentual de pessoas com 14 anos ou mais ocupadas no setor cultural no RN:
- São José do Seridó – 22,0%
- Acari – 13,5%
- Jardim de Piranhas – 12,7%
- Cel. João Pessoa – 12,4% (Microrregião Serra de São Miguel)
- Carnaúba dos Dantas – 12,0%
- Cruzeta – 11,7%
- Parelhas – 11,6%
- São Vicente – 11,2%
- Doutor Severiano – 11,1% (Microrregião Serra de São Miguel)
- São Miguel – 10,8% (Microrregião Serra de São Miguel)
A publicação mostra ainda os principais setores de atividades dos trabalhadores da cultura nos sete municípios do Seridó. Entre os mais recorrentes está o setor de alfaiates, modistas, chapeleiros e peleteiros, que lidera em São José do Seridó, Acari, Jardim de Piranhas, Cruzeta,
Parelhas e São Vicente, configurando um eixo regional de produção têxtil e de vestuário.
A cerâmica aparece como segundo setor mais relevante em Acari, Carnaúba dos Dantas, Cruzeta e Parelhas, reafirmando a notoriedade da região na manufatura artesanal e na produção de peças utilitárias e artísticas.
Atividades como música, artesanato em tecidos e couro, costura e bordado, além de marcenaria e design de interiores, completam o perfil produtivo da cultura na microrregião.
Os resultados indicam a presença de cadeias produtivas consolidadas, especialmente nos campos do artesanato, da música, do design e das tradições culturais, historicamente fortes na região. “A presença de múltiplos municípios seridoenses entre as primeiras posições do ranking
estadual reforça a ideia de um ecossistema criativo coeso, no qual a cultura constitui vetor estruturante de emprego, renda, identidade territorial e desenvolvimento sustentável”, comentou o Chefe de Disseminação de Informações do IBGE/RN, Damião Ernane de Souza.
Em 2023, setor público investiu mais de R$ 330 milhões em cultura no RN
As despesas do governo do Rio Grande do Norte com cultura somaram R$ 79,7 milhões em 2023, valor correspondente a 0,36% do orçamento geral do estado (OGE) no ano. O montante é mais que o dobro do valor investido em 2022, quando o estado desembolsou R$ 39,5 milhões com a área cultural (0,21% do então OGE).
Nos municípios potiguares, as despesas com cultura somaram R$ 245,6 milhões em 2023, montante 57,3% maior que o gasto no ano anterior, quando foi aplicado R$ 156 milhões no setor.
Para incentivo à cultura, foram 7 projetos contemplados com recursos de leis de incentivo às atividades culturais em 2023 no estado. O valor total captado foi de mais de R$ 2,5 milhões, com um média de R$ 363,4 mil por projeto. Em relação ao ano anterior, houve uma redução do valor global ao considerar que em 2022 o montante captado foi de R$ 3,3 milhões para um total de 5 projetos.
Natal concentra mais da metade das empresas e organizações do setor cultural no RN
O município de Natal abrigava 51% das unidades culturais do Rio Grande do Norte e respondia por 60% de todo o pessoal ocupado no setor no estado. Ao todo, eram 3.042 unidades locais, com 12.400 trabalhadores, dos quais 8.437 assalariados, movimentando R$ 261,2 milhões em salários
na capital potiguar em 2022.
Em todo o estado, o setor de cultura era composto por 5.961 unidades locais, que empregaram 20.590 trabalhadores, sendo 13.305 assalariados, movimentando R$ 354,3 milhões em salários e outras remunerações no mesmo período.
O levantamento mostra ainda que Mossoró, com 5,1%, e Parnamirim, com 4,5% das organizações, se destacam no estado na área da cultura entre os municípios com mais de 150 mil habitantes.
Segmentos empresariais e outras organizações culturais
A SIIC revela que o maior volume de unidades locais do setor cultural no Rio Grande do Norte concentrou-se nas Atividades Culturais Centrais (3.808), responsáveis por 12.688 trabalhadores e R$ 180,4 milhões em remunerações.
Entre os domínios, Design e serviços criativos (1.219 unidades) emergiu como o principal núcleo empresarial do estado, seguido por Mídiasaudiovisuais e interativas, que registrou o maior contingente de pessoal ocupado (4.357 trabalhadores, sendo 3.429 assalariados) e a maior massa salarial entre os domínios (R$ 93,5 milhões). Livro e imprensa também desempenhou papel relevante, com 2.230 trabalhadores, enquanto Artes visuais e artesanato somou 967 ocupados. Em menor escala, o domínio de Patrimônio natural e cultural apresentou apenas 25 unidades, com reduzido impacto em emprego e remunerações.
Nas Atividades Culturais Periféricas, os Equipamentos e materiais de apoio responderam integralmente pelo segmento, alcançando 2.153 unidades, 7.902 trabalhadores, dos quais 5.506 assalariados, com significativa remuneração anual (R$ 173,9 milhões).

Na capital do estado, as Atividades Culturais Centrais (1.973 unidades) também concentraram o maior número de estabelecimentos e de trabalhadores (7.744 ocupados, sendo 5.056 assalariados), além de R$ 126,2 milhões em remunerações. O domínio de Mídias audiovisuais e interativas destacou-se como o maior empregador do município, reunindo 2.625 trabalhadores, dos quais 2.125 assalariados, e a maior massa salarial (R$ 63,98 milhões). Em seguida, Livro e imprensa registrou 1.399 empregados, enquanto Design e serviços criativos apresentou 740 unidades e 1.871 trabalhadores, reforçando seu peso nas cadeias criativas da capital. Artes visuais e artesanato somou 740 ocupados, ao passo que Patrimônio natural e cultural manteve participação residual, com apenas 9 unidades e 12 trabalhadores.
Nas Atividades Culturais Periféricas de Natal, os Equipamentos e materiais de apoio constituíram o principal eixo produtivo, replicando integralmente o total do segmento (1.069 unidades, 4.656 trabalhadores, dos quais 3.381 assalariados) e concentrando R$ 135,0 milhões em remunerações, volume comparável ao das atividades centrais.

Em relação ao rendimento dos trabalhadores do setor cultural, a renda média em 2024 foi de R$ 2.443 no Rio Grande do Norte e R$ 3.553 em Natal. Os valores são discretamente menores que aqueles praticados nos demais setores da economia, com média de R$ 2.542 no estado e R$ 3.850 na capital.
