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Seca no RN acende alerta; SEMARH confirma avanço da estiagem no estado

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Durante pronunciamento na sessão plenária na última quarta-feira (20), o deputado estadual Vivaldo Costa (PV) chamou atenção para os impactos da chamada “seca verde”, fenômeno que afeta diferentes regiões do Rio Grande do Norte em 2025, como Seridó, Trairi, Alto e Médio Oeste.

Segundo o parlamentar, a estiagem surpreendeu a população e especialistas que esperavam um inverno regular neste ano. “É uma seca braba. Nem houve pastagem para o gado, nem colheita para a agricultura familiar. O sertanejo vive hoje enormes dificuldades de subsistência”, destacou.

Diante desse cenário, Vivaldo ressaltou que a chegada das águas da transposição do Rio São Francisco ao estado é um alento para as comunidades atingidas, especialmente no Seridó. Ele lembrou que a obra foi idealizada ainda no primeiro mandato do presidente Lula e celebrada recentemente pelo Governo do Estado e lideranças políticas. “As águas chegam em boa hora para o nosso Seridó”, afirmou.

Apesar do reforço hídrico, o deputado alertou que a gravidade da situação exige medidas urgentes e a união de esforços entre União, Estado e municípios para socorrer a população rural e minimizar os prejuízos. “É preciso apoio imediato ao agricultor familiar, que não conseguiu colher nada neste ano irregular e já enfrenta dificuldades de sobrevivência. O rebanho está sendo dizimado e a angústia do homem do campo só cresce”, frisou.

Vivaldo também citou que o município de Assú decretou estado de calamidade pública, reforçando a gravidade da estiagem. “A seca verde de 2025 está castigando o povo potiguar e requer medidas imediatas para garantir água, alimento e condições de vida dignas ao sertanejo”, concluiu.

Assú decreta situação de emergência por causa da seca

A Prefeitura de Assú decretou situação de emergência por 180 dias devido à estiagem que afeta a zona rural do município, reduzindo o abastecimento de água e comprometendo a produção agrícola.

O prefeito Lula Soares (Republicanos) justificou a medida diante da queda nas chuvas e das dificuldades enfrentadas pelas comunidades que dependem da Operação Carro-Pipa. “Nosso compromisso é com a segurança hídrica e a dignidade das famílias que vivem no campo. Este decreto é uma medida necessária para garantir o abastecimento de água e oferecer apoio aos produtores rurais que estão sendo duramente impactados pela seca”, afirmou.

Com a decisão, todos os órgãos municipais ficam autorizados a atuar junto à Defesa Civil, ampliar a assistência às famílias, buscar apoio federal e adotar medidas como renegociação de dívidas rurais e acionamento do Proagro.

Situação da seca no RN

De acordo com informações da Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (SEMARH), repassadas ao Saiba Mais, o monitoramento mostra um avanço preocupante da estiagem em todo o território potiguar.

“O Estado do Rio Grande do Norte acompanha a evolução do cenário de secas através do Monitor de Secas. Esse é um instrumento que permite avaliar, no momento, na situação atual, como é que está se comportando a seca no espaço geográfico do Estado. A partir dessas informações, a gente verifica que desde janeiro de 2025 até julho deste ano, que são os relatórios que nós temos mensais, a situação de seca no estado do Rio Grande do Norte, ela vem avançando. Hoje nós temos cerca de 161 municípios em situação de seca, em situação de seca fraca, nós temos 18 municípios, com seca moderada, nós temos 72 municípios. Como seca grave, temos 71 municípios. Ou seja, de um total de 167 municípios do estado do Rio Grande do Norte, apenas seis municípios, de acordo com esse monitor de secas, estão sem seca relativa. É uma situação complicada, associada ao que a Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Estado, juntamente com o IGARN – Instituto de Gestão da Águas do RN, que faz o monitoramento dos reservatórios, verificamos que quando se faz um comparativo com o ano de 2024, concluímos que agora em 2025 após o período das chuvas, praticamente não houve, de uma maneira geral, recarga nos nossos reservatórios. Isso é uma situação é muito grave, porque não sabemos o que poderá acontecer a partir de março de 2026. De uma maneira geral, o cenário é de muito cuidado e de muita racionalização da água fazendo valer aquela água que nós temos armazenada com bastante cuidado.”

Ações emergenciais e estruturantes

Para enfrentar a estiagem, a SEMARH informou que o Governo do Estado está concluindo um plano de ação dividido em medidas de curto e longo prazo. Entre as ações estruturantes estão a perfuração de poços, recuperação de reservatórios e implantação de sistemas adutores em localidades mais críticas. Já as não estruturantes envolvem a negociação da alocação de água e a racionalização do uso dos recursos disponíveis.

“O Estado do Rio Grande do Norte já está concluindo o seu plano de ação para enfrentar a estiagem. As ações de curto prazo são estruturantes e não estruturantes aquelas ações estruturantes são do ponto de vista de obras, por exemplo, perfuração de poços recuperação de reservatórios, implantação de sistemas adutores naquelas situações mais críticas aquelas situações de colapso. As ações não estruturantes são aquelas situações principalmente de alocações de água. Dentro do planejamento, vamos incrementar reuniões de forma a potencializar, fazer valer a água existente, permitir com que a gente alcance o maior número de dias com a água armazenada. Para isso, a gente precisa negociar com todos aqueles setores que são usuários dessas águas.”

Além disso, a pasta destacou que já existe um Comitê Estadual de Enfrentamento da Seca, criado por portaria do Gabinete Civil, que reúne órgãos estaduais e entidades parceiras para acompanhar o tema de forma permanente.

Abastecimento e apoio aos agricultores

No campo do abastecimento, o Governo tem implantado pequenos sistemas de adução em áreas próximas a reservatórios com água disponível, perfurado e instalado poços tubulares e ampliado o programa de carro-pipa, coordenado pela Defesa Civil.

“Todas as situações, do ponto de vista de você disponibilizar água para as pessoas, obviamente que as mais críticas são exatamente a situação as populações da zona rural. As ações diretas que estão sendo realizadas passam pela implantação de pequenos sistemas de adução, principalmente próximo a reservatórios que tenham água armazenada em quantidade e qualidade e perfuração e instalação de poços tubulares, além de um programa de carro-pipa que é coordenado pela Defesa Civil do Estado.”

Também foram anunciadas medidas de apoio ao setor produtivo, incluindo a distribuição de ração animal, subsídios no preço do milho, renegociação de dívidas rurais e acesso emergencial à água para dessedentação animal.

“As ações previstas para o setor primário, a agricultura, desde a distribuição de ração através de feno, ração animal, assim como a questão de negociação junto à Cohab para que se tenha um subsídio maior no preço do milho. Da mesma forma, o governo, junto com os diversos setores ligados ao setor da agricultura, também trabalha na declaração, na publicação de um decreto de emergência, de forma a permitir principalmente auxiliar a situação daqueles agricultores que têm a vencer parcelas de crédito rural, que isso seja prorrogado. Além, óbvio, de disponibilidade também de água mediante poços tubulados para dessedentação animal, também nas áreas mais afetadas desse estado.”

A SEMARH também reforçou que o Plano Estadual de Recursos Hídricos prevê medidas estruturantes de longo prazo, com o objetivo de reduzir a vulnerabilidade do semiárido potiguar a futuras secas.

“Sim. É um plano que contempla ações imediatas de intervenção, as ações estruturantes e ações não estruturantes. O plano estadual de recursos hídricos tem previsto uma série de ações de longo prazo que se objetiva que sejam implantadas para que a gente possa amenizar os impactos em decorrência desses períodos de pouca disponibilidade de água que caracteriza o período de estiagem aqui no semiárido.”

O que é a seca verde?

O termo “seca verde” é usado por meteorologistas e especialistas em clima para descrever um fenômeno caracterizado pela aparência de normalidade na vegetação, mas com impactos severos na produção agrícola e pecuária.

Isso acontece porque, mesmo havendo chuvas esparsas, elas são insuficientes para garantir a umidade do solo, o crescimento da pastagem e o enchimento dos reservatórios. Assim, a paisagem pode parecer verde, mas a realidade no campo é de estiagem, perda de colheitas e morte de animais.

No Nordeste, esse tipo de seca costuma surpreender agricultores e gestores públicos, já que muitas vezes ocorre após previsões otimistas de inverno.

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