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MPT-RN instaurou 29 inquéritos civis a partir de denúncias; Havan e Nordestão estão na lista de empresas denunciadas
Na reta final da campanha presidencial, casos de constrangimento para forçar eleitores a escolherem um ou outro candidato cresceram no Rio Grande do Norte. O Ministério Público do Trabalho no Estado (MPT-RN) já instaurou 29 investigações a partir de denúncias de assédio eleitoral. Até o dia 2 de outubro, período do primeiro turno das eleições, havia apenas cinco inquéritos abertos. De lá para cá, ao longo dos dias que antecedem o segundo turno, o número saltou para o total de 29, ou seja, teve um aumento de 480%.
As investigações que não estão sob segredo de Justiça estão disponíveis no site do MPT-RN. Entre as empresas que foram denunciadas, estão a Havan, loja recém-inaugurada em Natal, a Construtora A. Gaspar S/A e o Supermercado Nordestão – que foi alvo de denúncias de ex-funcionários relacionadas a perseguição política.
Em nota técnica elaborada pela Coordenadoria de Promoção da Igualdade de Oportunidades e Eliminação da Discriminação no Trabalho (Coordigualdade), o assédio eleitoral se caracteriza como uma conduta abusiva que atenta contra a dignidade do trabalhador, submetendo-o a constrangimentos e humilhações, com a finalidade de obter o engajamento subjetivo da vítima em relação a determinadas práticas ou comportamentos de natureza política durante o pleito eleitoral.
A nota reforça que o empregador que praticar o assédio eleitoral pode ser penalizado, tanto na esfera trabalhista como na esfera criminal, pois os artigos 299 e 301 do Código Eleitoral (Lei nº 4.737/65) definem como crime a prática, podendo resultar em pena de reclusão de até 4 anos. “É importante que o trabalhador junte provas do assédio e denuncie ao MPT. Todas as denúncias estão sendo investigadas, inclusive os fatos noticiados pela imprensa”, disse o procurador-chefe do MPT-RN, Luis Fabiano Pereira.
Denúncias de assédio eleitoral podem ser feitas pelo site: prt21.mpt.mp.br, ou pelo site da Procuradoria Geral do Trabalho: https://mpt.mp.br/.
Denúncias de assédio eleitoral crescem mais de 2.500% no País
O crescimento registrado no RN acompanha a tendência registrada em todo o Brasil. Dados do Ministério Público do Trabalho (MPT) apontam que somente as denúncias de assédio eleitoral contra trabalhadores da iniciativa privada e servidores aumentaram 2.577% entre o primeiro e o segundo turnos da eleição. O órgão afirmou que não classifica as denúncias de acordo com os partidos políticos.
O MPT recebeu até agora 1.633 denúncias de 1.284 empresas diferentes. Ao menos 1.572 delas ocorreram após o dia 2 de outubro. O número é quase oito vezes maior do que os casos que chegaram ao MPT ao longo de todo o período eleitoral de 2018, quando foram registrados 212 relatos.
A Procuradoria-Geral do Trabalho instalou um gabinete de crise para lidar com a demanda exacerbada de denúncias de assédio eleitoral. Segundo o procurador-geral José de Lima Ramos Pereira, o órgão tem reunido dados e divulgado duas vezes ao dia, para manter o panorama atualizado.
Para ele, o aumento exponencial na quantidade de denúncias de assédio eleitoral é fruto do acirramento no segundo turno. Os casos do MPT são encaminhados também ao Ministério Público Eleitoral. Potenciais responsabilizações podem ocorrer mesmo depois do pleito. (*Com informações do Estadão Conteúdo).
Empresas e Municípios investigados
- Construtora A. Gaspar S/A
- Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos
- Encontro Pronta Entrega LTDA
- Havan S.A
- Município do Natal
- Município de Pedro Velho
- Município de Serra do Mel
- Sociedade Professor Heitor Carrilho
- Star Conect Telecom LTDA
- Supermercado Nordestão LTDA
*Inquéritos que não estão sob sigilo
