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Potiguar morto em incêndio na Irlanda é cremado; família faz vaquinha para trazer cinzas

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O corpo do potiguar Ailton Soares de Oliveira, de 38 anos, vítima de um incêndio em Dublin, na Irlanda, foi cremado na tarde desta quarta (06). Ele foi internado no dia 24 de junho, em estado grave, depois de sofrer queimaduras provocadas pela explosão de duas baterias de uma bicicleta elétrica que estavam sendo carregadas ao lado da cama de Ailton.

““Está todo mundo abalado. Ele estava sofrendo muito, com queimaduras enormes e dentro era pior ainda. Ele saiu de dentro das chamas, acredito que tenha perdido os sentidos por alguns instantes com a explosão”, conta o pai, Hamilton Soares de Oliveira.

Ailton fez faculdade de Estatística em Natal, mas enfrentava dificuldades para encontrar emprego na área, foi quando decidiu se matricular em um curso de inglês na Irlanda e acabou ficando por lá. No exterior desde 2009, ele trabalhava com delivery e havia se mudado há pouco tempo para o prédio onde o incêndio ocorreu.

““Antes de morar nesse prédio, ele estava num apartamento, mas se mudou provavelmente por causa do valor. Foi para um prédio antigo, que é todo de madeira. Quando ligava ele nunca falava da vida dele lá, mas sempre perguntava do povo aqui”, conta a irmã Érica Pires de Oliveira, de 43 anos.

O último a conseguir sair do quarto, Ailton foi internado em estado grave, depois foi transferido de hospital para ser colocado em um pulmão artificial, já que estava apresentando dificuldades para respirar. Mas, apesar dos esforços, ele faleceu no dia 20 de julho.

“Estava na casa do meu pai quando ligaram da Irlanda. Ficamos sem saber o que fazer. Tinha cinco pessoas morando no prédio, ele foi o último a sair porque não conseguia abrir a porta. O morador que dormia no quarto ao lado contou que ele ainda desceu as escadas e foi andando até a porta, quando foi socorrido pelos Bombeiros. Ele foi internado no hospital James, ficou uma semana e não teve melhoras. Teve que ser transferido para outro hospital. Botaram numa máquina que faz a função do pulmão e coração, desde então, não teve melhoras. Dia 20 de julho, um domingo de madrugada, ele faleceu”, lamenta a irmã.

Translado do corpo

Sem dinheiro para pagar pelo translado, a família ainda não sabe como vai fazer para trazer as cinzas de Ailton para Natal. Através de uma vaquinha virtual aberta na Irlanda, eles ainda conseguiram arrecadar 2.700 euros, valor suficiente para pagar a cremação, pelos documentos e pela urna usada para armazenar as cinzas.

““A Embaixada do Brasil vai ajeitar a papelada e enviar um atestado de óbito provisório, porque o original demora a sair. Com ele, poderemos registrar o óbito aqui. O Itamaraty disse que falássemos com a Embaixada na Irlanda, mas disseram que não tem verba para esse tipo de translado, que visse com a funerária, mas eles também não fazem esse tipo de serviço. Sugeriram enviar a urna da Irlanda para São Paulo, teríamos que pagar a passagem da urna e ainda ter que pegar a urna em São Paulo”, revela Érica Pires de Oliveira.

A vaquinha aberta no Brasil está em R$ 2 mil valor que a família pretende aplicar na missa e enterro das cinzas de Ailton.

““A finalidade da vaquinha era para quando ele estava internado, para medicamentos, para irmos pra lá acompanhar o tratamento, mas, infelizmente ele faleceu. Não temos condições de comprar essas passagens”, desabafa a irmã.

Enquanto a questão não é resolvida, as cinzas de Ailton, assim como toda documentação, ficarão com um amigo que a família acabou conhecendo no momento da tragédia.

““É um rapaz chamado Douglas, que ajuda outros brasileiros nessa situação”, conta.

““Tudo isso foi e continua sendo muito difícil”, lamenta a irmã.

Segunda Perda

Mas, a morte de Ailton não foi a primeira perda na família. O potiguar era irmão de Arthur Lima de Oliveira, morto aos 18 anos depois de correr atrás de dois assaltantes no bairro do Alecrim em 2019.

Os ladrões haviam roubado uma loja e as pessoas começaram a gritar na rua. Foi quando Arthur, que estava na loja do pai, ao ouvir os gritos, correu para tentar pegar os assaltantes. Porém, o jovem foi atingido por um tiro disparado por um dos assaltantes em fuga.

Arthur Lima de Oliveira I Foto: cedida

Hamilton, pai de Ailton e Arthur, possui até hoje a mesma loja de conserto de celulares no Alecrim. No dia 18 de setembro de 2019, ele seguia a rotina e estava atendendo um cliente quando começou o movimento na rua.

““Estávamos na loja. Ele (Arthur) levantou-se tão rápido que eu nem vi. Arthur era tímido, até estranhei que ele tivesse saído correndo, mas era chamado de Deus. Não era para ele estar na loja naquele dia. Ele tinha discutido com a namorada e saiu do colégio para vir almoçar comigo, nesse intervalo, aconteceu isso”, relembra o pai.

O disparou ocorreu na avenida Coronel Estevam, uma das mais movimentadas do bairro do Alecrim.

““Fico preocupado porque o normal é os filhos enterrarem os pais, mas comigo está acontecendo o contrário. Não comento para não dar preocupação”, lamenta Hamilton, que teve um total de quatro filhos.

Serviço

Para ajudar na vaquinha, CLIQUE AQUI.

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