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Pesquisadores da UFRN solicitam patente de método inovador de hidrogênio

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Um pedido de patente feito pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) tem potencial de colocar a ciência potiguar em evidência no cenário internacional. Trata-se do desenvolvimento de um novo método de produção de carbeto de mononíquel (NiC), material capaz de otimizar reações químicas aplicadas à geração e armazenamento de hidrogênio, além de apresentar usos que vão da indústria de alimentos ao tratamento ambiental de resíduos do petróleo.

O resultado é fruto da dissertação de mestrado do engenheiro químico Fábio André Moura Nóbrega, orientado pela professora Camila Pacelly Brandão de Araújo, da Escola de Ciência e Tecnologia (ECT/UFRN). A pesquisa contou ainda com a colaboração dos docentes André Luis Lopes Moriyama, Carlson Pereira de Souza e da pesquisadora Ila Gabriele Diniz Dias de Azevedo.

“Um bálsamo, um reconhecimento”

Para Camila Pacelly, em entrevista ao Saiba Mais, o depósito da patente é um marco não apenas para a equipe, mas para a universidade e para a ciência produzida no Brasil.

“É recompensadora essa perspectiva. São anos que a gente já se dedica à pesquisa. Eu sou professora da universidade desde 2019, mas fui aluna da universidade desde 2008. Venho trabalhando com materiais similares a esse desde 2009. Então, quantos anos já faz, né? A gente vê como um bálsamo, um reconhecimento, uma felicidade de ver esse material alçando novos voos, de a gente ter realmente essa possibilidade de impactar a sociedade global”, afirma.

A pesquisadora relembra que a trajetória da investigação não foi linear e que a ousadia em buscar novos caminhos foi determinante.

“A gente começou a pesquisa de um jeito, viu que aquilo não estava muito inovador. Procuramos outras alternativas mais ousadas e, graças a Deus e à dedicação da equipe como um todo, conseguimos fazer esse resultado”.

“Para a UFRN, obviamente, a gente espera que, no momento em que essa tecnologia estiver em aplicação, isso represente também uma devolutiva dos investimentos que são feitos na educação pública, gratuita e de qualidade. É uma possibilidade de, num futuro, a própria universidade captar recursos externos, além daqueles fornecidos pelo governo”, reflete.

Segundo a professora, a invenção abre portas para novas oportunidades de financiamento e consolida a UFRN como referência em pesquisas ligadas à transição energética.

Inovação e transição energética

A docente vê a contribuição da descoberta diretamente conectada às discussões globais sobre sustentabilidade e energia.

“Eu vejo essa contribuição da tecnologia mais voltada para essa transição energética. Estamos utilizando recursos do arcabouço geológico brasileiro para produzir um material que pode ser utilizado mundialmente como catalisador para a reforma do metano. Se isso efetivamente ganha escala, temos um ganho muito grande nessa corrida para a transição energética e um potencial de estar na vanguarda mundialmente”.

Orientadora da pesquisa, Camila relata com entusiasmo o papel desempenhado por seu aluno.

“Eu fui a orientadora do Fábio, que foi o meu primeiro aluno de mestrado aqui no programa de pós-graduação em engenharia química. A gente iniciou o projeto pensando em sintetizar carbetos de molibdênio com adição de níquel. No decorrer da pesquisa, o Fábio sugeriu que tentássemos sintetizar o carbeto de níquel puro. Foi essa a minha contribuição de encaminhamento da pesquisa científica dele, que nos levou a esse resultado”.

Colaboração internacional

Os primeiros testes foram feitos em escala laboratorial, com mais de 50 ensaios, mas a equipe já vislumbra a expansão da pesquisa. Um dos próximos passos é a colaboração com a Universidade de Sherbrooke, no Canadá, onde o material será avaliado em reações para a produção de hidrogênio a partir do metano.

Camila enfatiza que, embora ainda haja aspectos a serem aprimorados, o grupo já enxerga um futuro promissor.

“De maneira geral, eu diria que a gente tem um potencial muito interessante nesse quesito. É uma honra termos desenvolvido um material que ninguém desenvolveu, e isso nos dá a chance de levar o nome da nossa universidade para outro patamar”

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