20.8 C
Ouro Branco

Juliana Soares desmente fake news de Matheus Faustino sobre filiação ao PT

Anúncios

Getting your Trinity Audio player ready...

A estudante Juliana Soares, vítima de tentativa de feminicídio após ser espancada com 61 socos pelo ex-namorado Igor Cabral, desmentiu que tenha intenção de ser candidata a vereadora de Natal. A fake news nasceu com dois vídeos publicados nas redes sociais pelo vereador Matheus Faustino (União Brasil). Nas publicações, o parlamentar questiona se Juliana se filiaria ao PT, diz em seguida que “ela ainda não confirmou” as especulações, mas argumenta, sem citar nenhuma fonte, que “é o que todos os veículos de imprensa já estão dizendo”.

Juliana também respondeu pelas redes sociais, dizendo que não tem “nenhuma ligação partidária”, que participa de “comemorações e eventos” de ambos os lados políticos e que “nunca foi sobre partido”.

“A minha pauta é apartidária e eu frequento os lugares que me forem convenientes e que eu for tratada com respeito. Parem de inventar fake News com meu nome e imagem”, protestou a estudante.

Faustino baseou a fale news em publicações nas redes sociais em que Juliana Soares aparece ao lado de petistas como a governadora Fátima Bezerra e as vereadoras Samanda Alves e Brisa Bracchi, contra quem ele move uma cruzada para cassar seu mandato na Câmara Municipal de Natal.

Para o vereador, uma eventual filiação de Juliana ao PT seria “uma hipocrisia”, porque, segundo ele, o partido “votou contra a saidinha de presos”, o que poderia fazer com que o agressor dela fosse solto “no final no ano”.

A informação, no entanto, também é falsa. Igor Cabral não tem direito à saída temporária porque sequer foi julgado ainda. O benefício, previsto nas Lei de Execuções Penais (LEP), só é concedido a presos em regime semiaberto, que até a data da saída tenha cumprido um sexto da pena total se for primário ou um quarto se for reincidente.

Ligado ao MBL, Faustino tem como “inspiração política” ex-deputado cassado por dizer que ucranianas são fáceis porque são pobres”

Faustino disse que Arthur do Val, cassado por quebra de decoro parlamentar pela Alesp, é uma de suas “inspirações políticas”. Foto: Reprodução Redes Sociais

Faustino é ligado ao Movimento Brasil Live (MBL), que tem como um dos líderes o ex-deputado estadual Arthur do Vale, conhecido como “Mamãe Falei”, cassado pela Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) após o vazamento de áudios em que ele fazia comentários sexistas sobre mulheres ucranianas, durante visita ao leste europeu, a pretexto de cobrir a guerra na Ucrânia.

Nos áudios enviados a amigos, divulgados posteriormente pela imprensa, Arthur do Val elogiava a beleza das refugiadas ucranianas e dizia que as mulheres de lá são “fáceis” por serem pobres.

Depois de ser eleito vereador de Natal, em uma entrevista a uma rádio local, Faustino citou Arthur do Val como uma de suas “inspirações políticas”.

Em fevereiro de 2024, antes de ser eleito vereador, Faustino viajou com Arthur do Val para a Ilha de Marajó após a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) disseminar uma fake news sobre uma suposta rede de exploração sexual de crianças que também envolveria tráfico de órgãos no arquipélago de 107 mil habitantes no Pará.

O Ministério Público Federal (MPF) está processando a senadora por fake news e pede uma indenização de R$ 5 milhões.

Faustino dobre aposta em fake news contra Juliana

Apesar de Juliana desmentir a fake news, Faustino publicou um novo vídeo dizendo que, apesar de negar que pretenderia se filiar ao PT, ela havia aparecido novamente ao lado da vereadora Brisa Bracchi, dessa vez na 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, realizada na semana passada em Brasília.

“É o velho ditado: diga-me com quem tu andas que eu te direi quem és”, atacou o vereador.

Juliana foi homenageada na Câmara Municipal de Natal, quando posou ao lado do presidente Eriko Jacome e das vereadoras Thabatta Pimenta e Camila Araújo.

No afã de atacar Juliana pelas aparições ao lado de personalidades do PT, Faustino omitiu que a estudante participou de uma solenidade na Câmara Municipal de Natal, no dia 25 de agosto, em alusão à campanha “Agosto Lilás”, sobre o combate e o enfrentamento à violência contra a mulher.

Na ocasião, ela falou sobre a violência que sofreu, foi homenageada e posou ao lado de diversos parlamentares, como a vereadora bolsonarista Camila Araújo (União Brasil).

Saiba Mais: Solenidade na Câmara destaca combate à violência contra a mulher

No início de setembro, um projeto de lei de autoria do vereador Michael Borges (PP), igualmente bolsonarista, foi aprovado pela Câmara Municipal de Parnamirim proibindo a nomeação de condenados por feminicídio ou tentativa de feminicídio para cargos públicos no município. O PL foi batizado de “Lei Juliana Soares”.

Saiba Mais: Lei Juliana Soares proíbe nomeação de condenados por feminicídio em Parnamirim

Faustino “transformou a mentira em método”, critica Juliana

Em nova manifestação nas redes sociais, Juliana criticou o vereador de extrema direita, a quem classificou como “pífio”, afirmando que ele “transformou a mentira em método” e, em vez de debater, “apenas atua, provoca e difama”.

“Faustino acionou sua velha máquina de autopromoção: espalhar fake news sobre uma falsa candidatura pelo PT, joga o nome de uma mulher na lama e assiste seus seguidores, como cães condicionados, atacarem o perfil da vítima com ódio e ironia”, diz trecho da publicação.

O texto reafirma que Juliana “não é candidata, nunca foi”, mas sim “uma sobrevivente” que “sobrevive também à segunda violência: a do linchamento virtual comandado por um vereador que usa o sofrimento alheio como palco de vaidade”.

Saiba Mais: Matheus Faustino reproduz “tática do insulto” como arma política usada pelo MBL

Confira o conteúdo original aqui!

Mais artigos

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Últimos artigos