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IBRAT lança pesquisa inédita sobre transmasculinidades no RN

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O Instituto Brasileiro de Transmasculinidades do Rio Grande do Norte (IBRAT-RN) lançou uma pesquisa inédita para traçar o perfil sociodemográfico de pessoas transmasculinas residentes no estado. A iniciativa, disponível de forma anônima no site oficial da organização , busca reunir dados essenciais sobre as condições sociais, econômicas, educacionais e de saúde dessa população.

O mapeamento, que ficará aberto até fevereiro de 2026, tem como objetivo preencher uma lacuna histórica: a ausência de informações oficiais sobre a realidade vivida por homens trans e pessoas transmasculinas no Rio Grande do Norte. Segundo o instituto, os resultados serão utilizados para embasar políticas públicas e fortalecer a luta por direitos básicos como saúde, moradia e alimentação. Acesse o formulário aqui.

“A confiança é fundamental. Quando a pesquisa é feita por pessoas trans, cria-se um ambiente seguro para que possamos falar sobre nossos corpos, nossas disforias e experiências com sinceridade. Sabemos que quem vai ler entende na pele o que vivemos”, explica Bruno Aires, coordenador-geral do IBRAT-RN.

Bruno destaca que a escuta e o cuidado são pilares do projeto, que está sendo conduzido por pesquisadores transmasculines. O questionário aborda temas como nome social, escolaridade, emprego, parentalidade, insegurança alimentar, acesso à saúde e experiências de transfobia, além de questões específicas sobre acompanhamento hormonal e psicológico.

Uma ferramenta de luta e pertencimento

O levantamento é também um gesto político e afetivo. Para Bruno, que atua no instituto desde sua fundação no RN, o mapeamento é uma forma de mostrar que as pessoas transmasculinas “existem, resistem e não estão sozinhas”.

“Passei muito tempo da minha vida achando que era a única pessoa trans no estado. Mas quando entrei no IBRAT e comecei a encontrar outras pessoas, percebi que somos uma grande família. Essa pesquisa quer passar esse sentimento para quem ainda se sente só. Nós estamos lutando, juntos”, afirma.

A pesquisa, explica Bruno, é também um instrumento de autoridade diante do poder público. Com os resultados, o instituto pretende levar dados concretos a espaços de decisão política, como secretarias de Estado, câmaras municipais e o Ministério da Saúde.

“Sempre lutamos pelos nossos direitos, mas muitas vezes nos dizem que não existimos em número suficiente, que somos casos isolados. Agora, teremos dados. E números não se contestam. Vamos poder cobrar com provas nas mãos”, reforça ele.

O IBRAT-RN tem atuação em diversas regiões do estado, como Mossoró, Pau dos Ferros, Natal, Parnamirim e Tibau, conectando pessoas transmasculinas de diferentes realidades. O grupo busca ampliar a divulgação do mapeamento especialmente nos ambulatórios de saúde trans do Rio Grande do Norte, como o Ambulatório Trans UFRN e o Ambulatório Estadual Murilo Gonçalves.

“Nós já alcançamos os ambulatórios de Mossoró e Pau dos Ferros, mas queremos chegar com mais força em Natal. Cada membro tem ajudado a divulgar localmente, mostrando que mesmo quem está longe da capital também tem voz e força”, explica Bruno.

Fundado em 2013, o Instituto Brasileiro de Transmasculinidades (IBRAT) é uma rede nacional que atua na formação política, produção de pesquisas e incidência em políticas públicas voltadas para pessoas transmasculinas. Sua estrutura conta com uma Coordenação Nacional e Coordenações Estaduais, presentes em diversos estados brasileiros, o que permite ao instituto atender demandas locais e, ao mesmo tempo, discutir mudanças conjuntas e estruturais que impactam a vida da população trans em todo o país.

O núcleo potiguar, criado recentemente, tem se destacado por iniciativas voltadas à visibilidade, à escuta e à construção de dados locais. O Mapeamento do Perfil Sociodemográfico de Pessoas Transmasculinas do RN é o primeiro estudo desse tipo no estado e um passo importante na luta contra a invisibilização.

“Nossa comunidade enfrenta barreiras diárias para acessar saúde, alimentação e moradia. Essa pesquisa nasce do desejo de mostrar que existimos e que precisamos ser considerados nas políticas públicas. Se são dados que o Estado quer, são dados que ele vai ter”, finaliza Bruno.

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