Juliana Bierrenbach, que atuava no caso das rachadinhas do senador filho do ex-presidente, contou que a reunião para tratar do caso ocorreu no gabinete presidencial no Planalto. Ela também conta que “não faz ideia” do que o ex-chefe da Abin, Alexandre Ramagem, fazia na reunião.
A advogada Juliana Bierrenbach, que defendia o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) em investigação sobre suspeita de rachadinha enquanto era deputado no RJ, disse que ficou “em choque” ao entrar na sala e se deparar com o então presidente Jair Bolsonaro (PL) em reunião para tratar do caso.
A reunião, que ocorreu em 25 de agosto de 2020, contou com a presença do ex-chefe da Abin Alexandre Ramagem e com o general Augusto Heleno, à época ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). O senador não estava presente na reunião. A defensora deixou o caso em abril de 2022.
Após alguns minutos dentro da sala bom Bolsonaro, Ramagem e Heleno, a advogada conta que entendeu que precisava atuar profissionalmente e começou a explicar aos presentes qual tinha sido o resultado de sua investigação. “Falamos de uma possibilidade de o Flávio ter sido alvo de um esquema dentro da Receita Federal.”
Antes de entrar na reunião, Juliana conta que ela e a colega que também participou, tiveram que deixar o seu celular na entrada da sala, o que “impediria qualquer tipo de gravação”. Ainda, ela contou que não sabia que o encontro estava sendo gravado.
Juliana Bierrenbach disse que “não fazia ideia” do que Alexandre Ramagem estava fazendo na reunião e que o viu pela primeira vez na ocasião. Além disso, afirmou que o ex-cfefe da Abin “jamais orientou nada”.
Segundo a advogada, as atribuições de Ramagem não permitiriam que ele realizasse as investigações. “Quando eu peguei o caso, ele foi investigado por mim, por mais ninguém”.
Na segunda-feira (15), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) retirou sigilo de gravação em que Bolsonaro debateu ações para blindar seu filho número “01” com Ramagem e com o general Augusto Heleno, à época ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Juliana e outra advogada que representavam Flávio Bolsonaro estavam presentes.
A PF diz que foi discutida proteção a Flávio contra investigações. No áudio, Bolsonaro sugere entrar em contato com funcionários públicos, usar agências e órgãos do estado para ter informações que pudessem auxiliar a defesa de seu filho.
Bolsonaro, conforme transcrição da PF, debate dados produzidos pela Receita Federal e pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) com advogadas, com ministro do GSI e com o comandante da Abin.
Em determinado trecho, Bolsonaro fala que o então governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, prometeu resolver o caso de Flávio Bolsonaro em troca de uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal).
Segundo a Polícia Federal na investigação da Abin paralela, o áudio da reunião possivelmente foi gravado por Ramagem.