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Entenda porque Rogério Marinho fracassou na missão de fortalecer PL no RN

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O senador Rogério Marinho, que pediu afastamento do mandato em junho deste ano para se dedicar ao fortalecimento do PL nas eleições municipais, fracassou no primeiro teste. A legenda saiu das urnas em 2024 menor do que há quatro anos, quando o partido ainda não tinha em seus quadros Jair Bolsonaro e o próprio Marinho.

O ex-presidente se filiou ao PL em novembro de 2021.

Nas eleições deste ano, o PL venceu em 18 municípios do Rio Grande do Norte. Em 2020, a sigla havia conquistado 20 prefeituras e, na época, ainda era liderada pelo deputado federal João Maia, que levou uma rasteira do partido, perdendo o comando para o atual senador.

João Maia foi para o PP, que elegeu 20 prefeitos nas eleições municipais deste ano, dois a mais que o PL de Marinho.

O PL foi apenas o 5° partido que mais conquistou prefeituras com candidatura própria no RN. À frente da legenda ficaram MDB (45), União Brasil (28), PSD (21) e PP (20).

Derrota na cidade mais bolsonarista do RN

A derrota mais significativa com a assinatura de Rogério Marinho no Estado potiguar foi em Parnamirim, onde o bolsonarista Salatiel de Souza perdeu para a professora Nilda (Solidariedade). O candidato do PL teve o apoio de Marinho e do próprio Jair Bolsonaro, que participou presencialmente de uma atividade da campanha no município.

Parnamirim foi a única cidade do Rio Grande do Norte onde Bolsonaro ganhou do então candidato e atual presidente Lula em 2022 (também venceu Fernando Haddad em 2018), mas nem as votações recentes e o histórico de cidade tradicionalmente conservadora foram suficientes para a vitória do candidato do bolsonarismo.

O PL também lançou candidato próprio em Mossoró, o ex-vereador e empresário Genivan Vale, que ficou em 3° lugar, atrás do prefeito reeleito Allyson Bezerra, com quem Marinho rompeu politicamente, e do presidente da Câmara Municipal, Lawrence Amorim.

Natal: brigas e fragilidade na articulação e no comando

Embora seja próximo do deputado federal Paulinho Freire, prefeito eleito de Natal, Rogério Marinho não apareceu na campanha. Nas redes sociais do senador, não há qualquer menção à vitória de Paulinho Freire após a divulgação do resultado eleitoral.

A vitória do União Brasil em Natal teve as digitais do mais novo desafeto político de Marinho, o atual prefeito Álvaro Dias, que no final de 2022 chamou o senador de “traidor”. A briga tem relação com recursos que teriam sido empenhados ainda no governo Bolsonaro para obras de infraestrutura de Natal, mas que após a derrota do ex-presidente para Lula foram desautorizados. Na época, Álvaro responsabilizou Marinho, então ministro do Desenvolvimento Regional do governo passado.

Outro ponto que mostra a fragilidade do PL no Estado: na chapa de Paulinho Freire, quem indicou a vice foi Álvaro, não Rogério.

Sem liderança

O senador bolsonarista mostrou também que não consegue liderar a bancada bolsonarista no Estado. Embora tenha fechado o apoio do PL à candidatura de Paulinho Freire em Natal, Marinho não conseguiu unir sequer a bancada federal. O deputado Sargento Gonçalves apoiou o ex-prefeito Carlos Eduardo no 1° turno e só se aproximou da campanha de Paulinho no 2° turno, mas sem motivação alguma.

Já o deputado general Girão, outro bolsonarista raiz, sustentou até os últimos instantes uma candidatura própria, com críticas ao candidato do União Brasil, mas sem apoio do partido acabou cedendo e declarando apoio pro-forma ao colega.

Isolado em 2026

Assim que voltar ao cargo nos próximos dias, Rogério Marinho terá pouco mais de 6 anos de mandato no Senado. Uma das possibilidades em curto prazo é a candidatura ao Governo do Estado em 2026, repetindo as trajetórias de Garibaldi Alves, Rosalba Ciarlini e Fátima Bezerra. O problema é que, aos olhos de hoje, Marinho está isolado pela direita.

Um dia após o resultado do 2° turno, o ex-senador José Agripino Maia e presidente estadual do União Brasil disse à imprensa local que os partidos de centro precisam se unir para lançar candidato em 2026.

A declaração foi uma indireta para Marinho. O candidato dos sonhos de Agripino para o Governo do Estado daqui a dois anos é o jovem prefeito de Mossoró Allyson Bezerra (União), reeleito com 78% dos votos em 6 de outubro.

Uma chapa forte que pode ter ainda como candidatos ao Senado o atual prefeito de Natal Álvaro Dias, que ficará sem mandato a partir de 1° de janeiro, mas deve controlar uma fatia dos cargos da prefeitura na gestão Paulinho Freire; e Styvenson Valentim (Podemos), atual senador que vem se fortalecendo com a distribuição de recursos via emendas pelo interior do Estado.

Agripino e Marinho também vem trocando farpas e indiretas pela mídia.

Em agosto de 2023, o líder do União Brasil disse que Rogério Marinho tem “perfil desagregador”. E citou nomes de personalidades da política com quem o presidente estadual do PL terminou rompendo.

“Rogério tem uma coisa que não me agrada muito: as figuras com quem ele conviveu – tipo Wilma (de Faria, ex-governadora do Estado) – terminaram frontalmente contrárias a ele. Paulo Guedes (ex-ministro da Economia do governo Bolsonaro) foi outro, então é uma coisa a ser explicada. Mas isso é problema dele. Se eu puder me livrar disso daí é melhor pra mim”, declarou o ex-senador.

Rogério Marinho é cotado para substituir Valdemar da Costa Neto na presidência nacional do PL.

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