|
Getting your Trinity Audio player ready...
|
Descendentes de palestinos, servidores e estudantes da UFRN realizaram um ato nesta sexta-feira (19) exigindo o fim das parcerias acadêmicas entre a universidade e o Estado de Israel. Com faixas e bandeiras da Palestina, eles tiveram uma reunião com a Pró-Reitora de Gestão de Pessoas, Mirian Dantas, para apresentar as demandas.
A reunião contou com a participação de mais de 25 pessoas. João Francisco, membro do Comitê pró-Palestina da UFRN, citou casos de acampamentos em apoio a Palestina em universidades brasileiras, e disse que, “a essa altura do campeonato, ter qualquer tipo de relação com o Estado de Israel é ser cúmplice do genocídio.”
“A gente não quer vir para a aula e saber que a nossa universidade está tendo relação tanto econômica, diplomática e intelectual com qualquer tipo de instituição do Estado de Israel”, apontou.
Muhamad Tawfik, palestino brasileiro nascido em Nazaré e membro do Centro Islâmico de Natal, afirmou que a comunidade acadêmica imagina o sofrimento vivenciado pela população na Faixa de Gaza.
“Professores e alunos sentem o sofrimento, ou pelo menos imaginam o sofrimento do nosso povo. Porque sentir na pele, só quem está lá. A gente não tem como sentir o que eles sentem. A gente imagina”, disse.
Segundo Tawfik, a reunião contava com pessoas de diferentes ideologias políticas, unidas pelo sentimento humanitário ao povo palestino. Ele ainda explicou a diferença entre semitismo e sionismo.
“Nós não somos contra judeus e judaísmo como religião. Nós somos contra o sionismo, porque o que move Israel hoje em dia é o sionismo, uma ideologia nova”, afirmou.
“O judaísmo tem 5.800 anos, o sionismo que tem 130 anos só. Uma ideologia que não é diferente do fascismo e nazismo. Essa que nos preocupa. Que a universidade preste atenção. Vocês estão pagando dinheiro para sionistas”, disse.
João Paulo de Lima, também integrante do Comitê pró-Palestina, defendeu a ruptura total da UFRN e do governo Lula com o Estado de Israel.
A UFRN, ao ter relações com empresas e universidades israelenses, está sendo conivente com o genocídio televisionado diário que vem acontecendo por parte da máquina de guerra israelense, que é financiada pelo imperialismo norte-americano. É um absurdo que uma universidade pública de qualidade esteja usando seu conhecimento a serviço da maior barbárie do século XXI, que inclusive a própria ONU classifica como um genocídio”, afirmou o estudante.
“A gente acha que é o nosso dever, inclusive humanitário, estar defendendo a população palestina, porque a gente está cansado de ver crianças morrendo de fome, de desnutrição, de armas, de diversas doenças, de falta de acesso a suporte humanitário. É um apartheid em pleno século XXI”, condenou.
Relações
Entre as parcerias citadas, publicizadas pelo site Esquerda Diário aqui e aqui, estão principalmente aquelas relacionadas a um acordo de cooperação internacional entre a UFRN e a Ben-Gurion University, de Israel. O acordo segue ativo, segundo o site da Secretaria de Relações Internacionais e Interinstitucionais da UFRN. Mas, segundo Mirian Dantas, a UFRN não tem hoje qualquer acordo de cooperação institucional com Israel.
O documento, presente no site da SRI, fala de estabelecer uma cooperação mútua e ampla visando visitas e intercâmbio entre estudantes e servidores; constituição de grupos de trabalho, elaboração e desenvolvimento conjunto de projetos e programas de cooperação a curto, médio e longo prazos; organização conjunta de eventos acadêmicos, científicos e culturais, dentre outros.
Foi citada também uma pesquisa sobre o cultivo do cártamo no semiárido nordestino, em projeto coordenado pela UFRN em parceria com o IFRN e com a Ben-Gurion University, financiado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).
Outros casos apresentados foram as reuniões já feitas na Ben-Gurion University of the Negev, localizada na cidade de Berseba, no sul de Israel, entre o Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (Lais) da UFRN juntamente com representantes do Núcleo de Inovação Tecnológica (Navi) do IFRN participaram, a partir do acordo de cooperação internacional estabelecido em 2016.
Em 2018, a universidade chegou a receber a visita do então embaixador de Israel no Brasil, Yossi Shelley. O encontro anunciado à época teve o objetivo de estreitar parcerias científicas.
(Tagstotranslate) Israel (T) Palestina
Confira o conteúdo original aqui!
