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Com uma média de 300 visitantes por dia, o Centro de Turismo de Natal segue com 40 empreendimentos abertos — lotação total — e projeto de reabertura de novos espaços, como de uma boate no subsolo que funcionou até os anos 2000. Localizado em Petrópolis, Zona Leste da capital, o espaço busca se manter atrativo para quem vai conhecer, mas os comerciantes ainda lamentam o que consideram falta de divulgação do local por parte do poder público.
O prédio em que funciona o Centro de Turismo possui estilo neoclássico e é datado possivelmente do final do século XIX. Inicialmente foi residência e em 1911 transformado em asilo. Posteriormente abrigou um orfanato para meninas e durante a Segunda Guerra Mundial foi utilizado pelo governo federal devido a sua localização estratégica. Após 1945, virou o presídio público da cidade e seguiu nessa função até 1969. Em novembro de 1976, já restaurado, ganhou a cara que tem hoje, funcionando como um centro de serviços de apoio ao turismo. O local é tombado pelo Patrimônio Histórico.
O prédio, do Governo do Estado, é hoje administrado pela Associação dos Empreendedores do Centro de Turismo de Natal (ASCTUR), que tem Everaldo Trigueiro como presidente. Ele disse que vem apostando no Instagram (@centrodeturismodenatal) para divulgar o Centro, mas não sente o mesmo empenho para a disseminação do local por parte do Governo ou da Prefeitura.
“A nossa grande dificuldade hoje vem até da conscientização dos próprios governantes, porque o Centro de Turismo hoje é o único empreendimento que está aberto ao público, o turista, porque é um local que ele foi preparado para o atendimento público focado no turismo. E hoje, não sei por quê ou por dificuldade na área do turismo, esse público caiu muito. Então, hoje nós divulgamos tanto para o turista como para o natalense, o norte-rio-grandense e também para as capitais do Nordeste. A divulgação hoje é através do Instagram, redes sociais, é o que está fazendo com que cheguemos a algum patamar de alcançar o reconhecimento e a visibilidade do empreendimento”, afirma.

Segundo ele, o Centro tinha antes um público essencialmente turista, mas hoje também recebe muitos natalenses que vão conhecer o local.
“Hoje, com a expansão das redes sociais, o próprio natalense, o norte-rio-grandense vem aqui, e às vezes chega e diz que não sabia que existia isso aqui, porque é pouco divulgado. Nós não temos meios de divulgar em massa. Quem poderia nos ajudar, infelizmente, não ajuda, que é o governo, tanto municipal como estadual. Então nós não temos o apoio (na divulgação) nem da prefeitura, nem do governo do estado, diz.
O Centro de Turismo gera cerca de 70 empregos diretos, número que pode até triplicar considerando os indiretos, segundo Trigueiro.
“Nós temos não só os funcionários, mas nós temos o artesão, que mantém ele, mantém a família, então gera muito emprego e renda”, aponta.
As dificuldades para atrair turistas a partir da divulgação também são sentidas por outros funcionários. Juli Jennifer trabalha num boxe de moda praia e diz que muita gente não tem dimensão da história do Centro de Turismo.

“Muita gente acha que é um prédio abandonado, que é uma igreja e não tem o conhecimento da importância do Centro de Turismo de Natal e que aqui funcionam várias lojas, funciona um restaurante. Muita gente de Natal, de Parnamirim e região ainda falta ter esse conhecimento, mesmo tendo outras divulgações. Então, de certa forma, a gente tem muita dificuldade de ver o pessoal daqui, potiguar, conhecer a nossa própria história, a história do espaço, porque não é só um canto de lojas. Tem a sua história, tem a sua importância, é um prédio tombado”, conta.
O mesmo também é sentido por Edilane Maria Sousa de Paiva, responsável por uma loja de artigos de couro, e que trabalha desde 1994 no Centro de Turismo. O reflexo chega no bolso.
“Eu já tive até quatro funcionários registrados, hoje eu só estou com dois. Mas precisaria ter pelo menos mais um para ajudar no nosso quadro, e no momento a gente enxugou, que é para manter as contas em dia. A dificuldade está no meio de tudo. A gente está sempre procurando melhorar o produto, melhorar o atendimento, para achar esse meio de correr atrás”, afirma.

Ela também ressalta a necessidade de amplificar ainda mais a história do prédio.
“Esse prédio tem uma história. As pessoas acham que aqui foi só cadeia, e não foi. Ele teve importância na Segunda Guerra, teve importância na construção de Natal, desde toda a época. Então, falta muito essa divulgação da história de Natal dentro desse contexto todo.”
Reabertura da boate
A administração do Centro de Turismo tem interesse em reabrir a boate que funciona no subsolo do local. Com características dos anos 1980, a Pool Music Hall funcionou até os anos 2000 no prédio e desde então o espaço foi fechado.
Ao entrar na antiga boate, o cenário ainda relembra as décadas passadas. O local ainda está conservado e guarda as características de quando estava em funcionamento. Um grande “P” no piso cerâmico lembra o que um dia já movimentou o subsolo.
Mesmo fechada, antiga Pool Music Hall conserva características – Foto: Valcidney Soares
“Nós temos hoje dois espaços que ainda não estão funcionando, que é a antiga boate, que a gente está tentando reabrir. Já estamos em contato com a Fundação José Augusto, já foi liberada a abertura de uma terceira porta. Já tem um grupo de empresários para investir aí”, explica Everaldo Trigueiro.
Além da boate, o outro espaço vazio é um local que era uma loja de pedras, dentro da galeria de artes. Anteriormente, uma cafeteria funcionou lá, mas o antigo associado precisou sair.
