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Após mais de três meses de presença constante e crescente de jacarés-de-papo-amarelo (Caiman latirostris) na lagoa de Maracajaú, em Maxaranguape, os animais serão removidos do local. A decisão foi tomada durante uma reunião pública realizada nesta quarta-feira (16), promovida pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte (Idema), em parceria com o Ibama, a Polícia Ambiental e a Prefeitura. O encontro ocorreu no auditório do Ecoposto da Área de Proteção Ambiental dos Recifes de Corais (APARC) e contou com ampla participação de representantes de órgãos públicos, sociedade civil, empresários, estudantes, professores e moradores da região.
Segundo o Idema, mais de 60 jacarés já ocupam a lagoa, que se forma sazonalmente durante o período de chuvas, a cerca de 500 metros de uma escola e próxima a unidades residenciais, posto de saúde e creche. O destino dos animais será repartido entre três áreas: os municípios de Touros, Ceará-Mirim e o Rio Punaú, em Rio do Fogo. O cronograma para o manejo será definido nos próximos dias, com expectativa de início em até duas semanas.
“O mais importante é que estamos encerrando essa novela. Eles não são agressivos, mas com essa quantidade, e cada fêmea podendo colocar até 50 ovos, em pouco tempo poderíamos ter milhares de jacarés no local”, destacou o diretor técnico do Idema, Thales Dantas.
A retirada será acompanhada pelo Núcleo de Fauna (NUFAU) do Idema, com apoio do Batalhão de Polícia Ambiental (BPAmb), da Prefeitura de Maxaranguape e das organizações da sociedade civil APC Cabo de São Roque e Associação Serpentes do Bem. A prefeitura também se comprometeu a formalizar, por decreto, a criação de um Grupo de Monitoramento permanente, com a participação de representantes da comunidade, do setor turístico e das instituições envolvidas, para acompanhar a situação da fauna local a longo prazo.
Linha do tempo
O alerta sobre a superpopulação dos répteis foi aceso ainda em maio, quando banhistas e moradores das praias de Maracajaú e Genipabu passaram a relatar avistamentos cada vez mais frequentes. Técnicos do Idema confirmaram que a presença massiva da espécie se devia a condições propícias de alimentação e abrigo, muitas delas provocadas pela ação humana, em especial, o hábito irregular de alimentar os animais, prática que favoreceu sua permanência e reprodução na área.
O Idema relatou desde o início que a espécie, embora nativa e de comportamento geralmente dócil, pode atacar se ameaçada, especialmente em época de reprodução.
Em resposta, foram adotadas medidas emergenciais como: instalação de cercas em torno da lagoa; criação de um grupo interinstitucional para monitoramento, ações de educação ambiental em escolas e comunidades e reuniões públicas com a população local, buscando engajamento comunitário.
Decisão pela remoção
Inicialmente, os órgãos ambientais optaram por manter os animais na lagoa, com contenção física e vigilância. No entanto, mesmo com as cercas e campanhas educativas, a população de jacarés continuou a crescer, com registros de ovos e filhotes. A proximidade com áreas urbanas e a intensificação da reprodução levaram à revisão da estratégia.
A decisão por remanejar os animais leva em consideração o risco de colapso ecológico local e a segurança da população.
