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O secretário de Gestão e Relações Institucionais do Rio Grande do Norte, Adriano Gadelha, desmente os boatos sobre qualquer tipo de pressão que a governadora Fátima Bezerra tenha recebido nos últimos meses para antecipar a renúncia ao mandato antes do prazo legal.
“O que existe é especulação”diz.
E afirma que o PT local também caminha junto para consolidar a candidatura do secretário de Fazenda do Estado, Cadu Xavier, à sucessão estadual após o vice-governador, Walter Alves, decidir que não será candidato.
Um dos articuladores políticos mais próximos de Fátima Bezerra, Adriano Gadelha conta como Cadu Xavier convenceu a cúpula do partido de que seria o nome ideal para defender o legado do governo Fátima em 2026. E o compara aos governadores da Bahia (Jerônimo Rodrigues), do Ceará (Elmano de Freitas) e do Piauí (Rafael Fonteles), ex-secretários em seus respectivos estados que venceram a eleição com o apoio do presidente Lula.
Leia a entrevista na íntegra:
SAIBA MAIS: Existe de fato alguma pressão para que a governadora Fátima Bezerra renuncie ao mandato antes do prazo determinado pela legislação?
Adriano Gadelha: Nenhuma, zero. O que existe é especulação. Agora, é claro que temos conversado com o vice-governador para adiantar alguns processos. Essa é a lógica de um governo que tem responsabilidade institucional: dialogar com quem vai assumir. Então, nossa equipe se reuniu com a equipe de Walter para mostrar a Lei de Diretrizes Orçamentárias, para falar do orçamento de 2026, até porque ele é quem vai administrar. Mostramos a questão orçamentária, os desafios, previsão de receita, principais despesas… estamos fazendo o que, na teoria, todos os governos deveriam fazer. É um diálogo institucional. Tudo o que havíamos planejado para essa transição está sendo cumprido. Sem pressão ou açodamento. Estou inclusive chamando de regime de passagem organizada de governo.
E as mudanças no secretariado?
Fizemos o que já tinha sido acertado: a presidência da Caern (o engenheiro civil Sérgio Eduardo Rodrigues substituiu Roberto Linhares), a secretaria de Desenvolvimento Econômico (o ex-prefeito de Apodi Alan Silveira substituiu Sílvio Torquato) e a secretaria de Assuntos Federativos, para a qual a governadora convidou o Luciano Santos, que é ligado ao MDB, mas transita em vários grupos. Foi nosso aliado na Femurn e está conosco mais uma vez.
Para além do institucional, como está a relação política com o vice-governador Walter Alves?
No Brasil, a gente sabe que o vice às vezes representa um problema, vide o caso de Michel Temer e Eduardo Cunha. Em algumas prefeituras também é difícil essa relação. Mas eu falo com segurança que a professora Fátima é uma figura de sorte porque não teve problema nem com Antenor Roberto, o vice do primeiro mandato, nem com Walter, o vice dessa segunda gestão. É claro que são dois políticos de perfis e personalidades diferentes, todo mundo com seus interesses também. Mas não tivemos nenhum problema de governabilidade. Sem crise nenhuma.
Walter já declarou que não pretende ser candidato à reeleição, mas sempre surgem especulações sobre a possibilidade de ele mudar de ideia assim que assumir o governo…
Não há qualquer manifestação formal ou informal nesse sentido. Era natural que ele disputasse a reeleição porque a legislação garante essa possibilidade. Em nossa primeira conversa, ano passado, Walter disse que estava avaliando o quadro. Pedimos a ele, então, que só nos comunicasse com certa antecedência para que pudéssemos nos organizar como partido, seja apoiando-o ou buscando outro nome, caso ele não fosse disputar. E assim foi feito: em janeiro, Walter nos comunicou que não disputaria a reeleição e fomos buscar outra alternativa.
“A professora Fátima é uma figura de sorte porque não teve problema nem com Antenor Roberto, o vice do primeiro mandato, nem com Walter, o vice dessa segunda gestão”.
Que avaliação você faz da performance do Cadu até o momento nas pesquisas?
Em relação à meta que definimos, está acima do que imaginávamos. A gente entende que Cadu ainda é um nome pouco conhecido do eleitorado, tanto que o nome Cadu Xavier tem um percentual baixo nas pesquisas. Por outro lado, quando identificamos Cadu como o candidato de Fátima e de Lula, o percentual dele sobe muito. Estimulamos nesse sentido. Nas nossas pesquisas internas, em nenhuma delas Cadu aparece com menos de 14 pontos na estimulada (quando o nome do candidato é apresentado ao eleitor) e 5 pontos na espontânea (quando o nome do candidato não é apresentado ao eleitor). A eleição de 2026 será polarizada e o candidato de Lula vai para o 2° turno. Outra questão importante é que ele tem o índice de rejeição mais baixo entre os candidatos. Cadu é uma figura nova e, do ponto de vista de animosidade política, não existe razão para que as pessoas o rejeitem.
O que levou o PT do Rio Grande do Norte a apresentar o Cadu como o nome ideal para suceder a governadora Fátima Bezerra?
Cadu mostrou muita coragem para defender o nosso legado, o legado do governo do PT. Essa foi a primeira discussão que fizemos lá atrás. Foi quando ele disse: “vou defender o legado que eu ajudei a construir”. Você sabe que o Ceará, o Piauí e a Bahia são estados governados hoje por ex-secretários de governo. Elmano de Freitas (CE), Rafael Fonteles (PI) e Jerônimo Rodrigues (BA) são governadores hoje e compunham as equipes de seus Estados na gestão passada. Sabe o que une Cadu e esses três governadores? A defesa do legado do governo Lula e aqui do governo Fátima.
“Nas nossas pesquisas internas, em nenhuma delas Cadu aparece com menos de 14 pontos na estimulada”
E o qual legado do governo petista no RN que o Cadu e o PT vão defender?
A saúde sempre foi uma área difícil, mas pode comparar com as gestões da professora Wilma, de Rosalba e Robinson: ninguém fez mais pelas estruturas de saúde do que a professora Fátima. Ninguém. Na segurança, cito o concurso e a promoção dos policiais, a redução dos índices de crimes violentos, a reestruturação do Corpo de Bombeiros, os equipamentos, fizemos muito mais do que os outros fizeram. Na educação, que é uma área extremamente complicada, teremos um índice do Ideb diferente esse ano porque a mudança na educação é de médio e longo prazo. O governo da professora Fátima foi quem mais fez também em termos de melhoria de escolas, implantou o novo modelo dos IERNs, em relação às escolas de tempo integral fizemos 10 vezes mais do que governos anteriores. Também não temos medo do debate na área hídrica. Com todo respeito ao ex-governador Garibaldi (Alves), que foi o que mais fez nessa área, a gestão dele não faz inveja à nossa graças a Barragem de Oiticica, ao braço em Pau dos Ferros na transposição do Rio São Francisco, a Adutora no Seridó e outra adutora que vamos licitar agora, na região do Agreste. Em qualquer área faremos um debate sobre o nosso legado.
Fátima assumiu o governo em 2019 falando em estado quebrado. O que mudou nesse sentido?
Se você imaginar que pegamos quatro folhas do funcionalismo em atraso e que Rosalba foi obrigada a usar o fundo previdenciário para honrar as últimas duas folhas da gestão dela e Robinson também raspou o fundo para pagar duas folhas, o Estado vinha no embalo de 8 folhas atrasadas. Se fizer essa comparação, e pegarmos os 6 anos e meio da gestão da professora Fátima, equilibramos essas folhas e voltamos a depositar recursos no fundo previdenciário. Então voltamos a ter uma boa imagem estrutural em relação ao comprometimento da despesa de pessoa, que ainda não é a ideal pois continua acima dos limites prudencial e legal. Mas já melhorou bastante. E apenas isso resolve? Não. Agora veja: Fátima aprovou a lei de servidores públicos para evitar que a despesa de pessoal continue crescendo em detrimento da receita. E com uma novidade: sempre no mês de abril haverá um reajuste para o funcionalismo com base no índice da inflação desde que caso o comprometimento da folha de pessoal não ultrapasse 80% da receita corrente líquida. Os governos que vão vir depois do nosso é que vão sentir. Alguns estados quiseram copiar nosso projeto. Cadu já vinha fazendo a defesa de projeto há mais tempo.
Quais as características você enxerga no Cadu como o nome ideal para administrar o Rio Grande do Norte?
Cadu é uma figura centrada e que tem muita responsabilidade institucional, além de sensibilidade social. Acompanhamos de perto esse crescimento dele. Ele é um gestor mais duro, mas que não perde a visão social. Um exemplo: toda vez que a gente debate algum assunto ou projeto, a preocupação é: “como vamos ter recurso garantido para programa social A, B, C ou D?”. Quando fomos realinhar o Proedi, a primeira questão levantada por ele era a garantia de empregos para a população. O Estado pode fazer, mas e o emprego? E essa visão é muito importante.
“Se você imaginar que pegamos quatro folhas do funcionalismo em atraso e que Rosalba foi obrigada a usar o fundo previdenciário para honrar as últimas duas folhas da gestão dela e Robinson também raspou o fundo para pagar duas folhas, o Estado vinha no embalo de 8 folhas atrasadas”.
O PT já anunciou que a eleição da governadora Fátima para o Senado é uma prioridade nacional do Partido. E para a Câmara Federal, a meta é ampliar o número de cadeiras no Rio Grande do Norte, que hoje conta com dois deputados federais?
Estamos trabalhando e também na expectativa da nova redistribuição do número de vagas, a partir das diretrizes do IBGE. O Supremo Tribunal Federal já disse que se não houver uma nova distribuição até 1° de outubro, o Tribunal Superior Eleitoral fará. Se isso ocorrer, pelos dados de população, o Rio Grande do Norte ganhará mais um deputado federal e três estaduais. Mas ainda é incerto porque grandes estados perderiam vagas. O Rio de Janeiro, por exemplo, perde cinco federais e o Paraná ficaria com menos quatro vagas. A Paraíba, estado do presidente da Câmara, Hugo Motta, perderia dois deputados. Os deputados aprovaram um projeto que amplia as vagas, mas o presidente Lula vetou. Há expectativa também para saber se a Câmara banca ou não a derrubada do veto.
O PT não elegeu um terceiro deputado em 2022 por muito pouco…
Eu costumo dizer que a Federação elegeu três: Natália, Mineiro e Samanda, na segunda sobra. O problema é que Samanda precisava alcançar 20% do coeficiente, o que não conseguiu, por isso o PL acabou elegendo mais um. Para eleger três federais, acredito que a federação precise de 500 mil votos. O problema é que para atingir esse número, com 9 candidatos (número de vagas em disputa + 1) precisa ter muita musculatura eleitoral (candidatos bons de voto). Natália vem muito bem posicionada, aparecendo em 1° em todas as pesquisas, e pode ser a candidata que vai nos ajudar a puxar essa fila para buscar essa terceira vaga.
