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O Festival Música Alimento da Alma (MADA) encerrou sua 27ª edição, neste sábado (18), com dois dias de programação intensa na Arena das Dunas, em Natal. O festival consolidou sua identidade como espaço de experimentação, diversidade e valorização da cena independente, agora oficialmente reconhecido como patrimônio cultural imaterial do Rio Grande do Norte.
Primeira noite: pluralidade e política em movimento
A sexta-feira (17) abriu o MADA com uma sequência de apresentações que mostraram a amplitude da curadoria. Dani Cruz deu início à festa com uma performance acolhedora, preparando o público para os shows de Jadsa e da baiana Melly, esta última indicada ao Grammy Latino e ovacionada pela plateia potiguar.
“Tô muito contente de estar de volta, sentir o público daqui”disse Melly.
Marina Sena transformou o palco em um espetáculo visual, apresentando a turnê Coisas Naturais com coreografias marcantes e energia contagiante. Já o trio João Gomes, Jota.pê e Mestrinho emocionou o público com o projeto Dominguinho, que celebra o forró e reafirma o protagonismo da música popular nordestina.
Em seguida, Don L subiu ao palco com o peso de suas palavras e posicionamentos políticos. Durante a apresentação, o rapper reforçou seu protesto em solidariedade ao povo palestino, declarando: “Palestina livre”.
Saiba Mais: Primeira noite do Mada 2025 celebra diversidade e engajamento político
No Palco Baile da Amada, voltado à música eletrônica, a DJ e cantora Afreekassia fez uma estreia arrebatadora em Natal, trazendo batidas afro e ancestralidade. O encerramento da primeira noite ficou por conta de Jennify C., que, acompanhada das Casixtranha, entregou uma performance com elementos da cultura Ballroom.
Segundo dia: energia máxima e representatividade em todos os palcos
O sábado (18) começou com o som contagiante de Sourebel, que abriu o palco principal com sua mistura de reggae e ritmos potiguares. A apresentação contou com participações especiais de Gracinha, Ale du Black e Cami Santiz, ampliando a presença da nova cena musical do Rio Grande do Norte no festival.
Em seguida, Potyguara Bardo fez um dos shows mais vibrantes da noite. A artista iniciou a apresentação com seu hit Completamente e seguiu com faixas do novo EP Romântica. O ápice veio com o público cantando em coro Oásishit que consolidou a potiguar como um dos grandes nomes da música pop alternativa do país.
Rachel Reis levou a “Divina Tour” para o palco da Arena das Dunas e reafirmou sua força como uma das vozes mais vibrantes da nova música baiana. Entre cores tropicais e gingado pop, a artista embalou o público com faixas de Divina Casca.
O BaianaSystem assumiu o palco em uma explosão de energia, colocando o público para pular do início ao fim. As rodas de pogo, marca registrada dos shows da banda, tomaram conta da Arena das Dunas. Entre os fãs estava Guilherme Santos, que acompanha o grupo desde as primeiras edições do festival.
“É sempre uma troca eletrizante com a galera. Não perco por nada, essa energia é única. Me esforço para vir sempre que posso”contou.
Na sequência, Liniker trouxe a turnê de Caju com uma performance luminosa, dançante e cheia de presença. Diferente da atmosfera mais introspectiva de shows anteriores, a artista mostrou um lado ainda mais pop, com muito mais dança. Um dos momentos mais marcantes foi quando apresentou, um a um, os músicos de sua banda, um gesto tradicional da MPB, mas aqui ressignificado dentro de sua estética contemporânea e performática.
O rapper Mano Brown encerrou o palco principal com imponência e lirismo. Com versos que ecoam resistência e reflexão, o artista concentrou bastante público, lotou a Arena, num dos momentos mais intensos do MADA 2025.
Saiba Mais: Festival MADA é reconhecido como patrimônio cultural imaterial do RN
Enquanto isso, o Palco Baile da Amada manteve a vibração da noite com performances voltadas à música eletrônica e à cultura queer. O grupo potiguar Taj Ma House apresentou pela primeira vez seu novo EP, misturando musicalidade pulsante, figurinos exuberantes e troca intensa com o público.
O encerramento do festival ficou a cargo das Irmãs de Pau, que transformaram o palco eletrônico em um manifesto pela potência das travestis na arte. Apesar de terem anunciado recentemente a separação, a dupla mostrou sintonia e carisma, recebendo no palco o trio Katy da Voz e As Abusadas. O encontro marcou um dos momentos mais emocionantes da história do festival, com o público gritando cada verso em coro e celebrando a ocupação travesti no encerramento do MADA.
Criado em 1998, o Festival MADA continua sendo uma vitrine da produção musical independente brasileira, conectando o Nordeste ao mundo. Em 2025, a energia que tomou conta da Arena das Dunas mostrou que o evento segue em sintonia com o seu tempo: diverso, político e profundamente popular.
A 27º edição do MADA reafirma o papel da música como força coletiva e Natal, mais uma vez, se tornou o epicentro dessa celebração plural de sons, corpos e encontros.
