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RN quer ser polo nacional de atração de data centers

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De olho no mercado tecnológico, o Rio Grande do Norte quer utilizar o excedente de produção de energia para se tornar um polo nacional de atração de data centers, que são estruturas físicas utilizadas por grandes empresas para instalar servidores e sistemas de armazenamento de dados. Este mês, o Governo do Estado apresentou ao Ministério das Comunicações alguns projetos em desenvolvimento para captação de cabos submarinos na costa potiguar com a proposta de estruturar o estado para receber grandes data centers. Segundo o vice-governador, Walter Alves, além do excedente de energia, o Rio Grande do Norte tem regulamentação adequada para a atividade no território potiguar.

O Estado foi pioneiro no Brasil ao definir 11 zonas específicas ao longo da costa potiguar, localizadas no litoral setentrional, destinadas exclusivamente para o recebimento de cabos submarinos de transmissão e dados, respeitando a preservação ambiental e evitando conflitos com outras atividades econômicas da região.

““O Rio Grande do Norte tem vantagens competitivas únicas. Estamos alinhando energia renovável, planejamento estratégico e segurança jurídica para oferecer um ambiente ideal à instalação de grandes data centers”, reforçou Walter.

Ao todo, as fontes renováveis de energia eólica, solar fotovoltaica, biomassa e hídrica representam 99,03% da matriz elétrica do Rio Grande do Norte no tocante à potência outorgada, ou seja, à capacidade máxima de operação para a qual uma usina de energia foi autorizada.

Para quem pesquisa e atua no setor, o RN tem um cenário perfeito para a instalação de data centers, que podem servir, também, para absorver parte da mão de obra qualificada que é produzida pelas universidades e instituições como o Metrópole Digital.

““Estamos formando muita gente, algumas pessoas conseguem emprego na área, outras criam suas próprias empresas, suas startups, mas ainda assim há uma oferta de recursos humanos muito grande. Se não oferecermos oportunidade para se empregarem no estado, esses recursos humanos vão para outro lugar. Então, estamos formando mão de obra para exportar, o que não é interessante. Quanto mais empreendimentos na área de tecnologia da informação o estado puder atrair, maiores os benefícios como um todo, você terá ganho de arrecadação e estará atraindo uma indústria de grande valor agregado”, pondera Samuel Xavier, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e coordenador do Npad (Núcleo de Processamento de Alto Desempenho).

No último dia 17, o presidente Lula assinou uma Medida Provisória que cria o Redata (Regime Especial de Tributação para Serviços de Data Center no Brasil), uma política nacional de atração de data centers no país. O objetivo é impulsionar o crescimento nacional em áreas estratégicas da Indústria 4.0, como computação em nuvem, inteligência artificial, smart factores e Internet das Coisas, ampliando a capacidade brasileira de armazenagem, processamento e gestão de dados.

““Cada vez mais a emissão zero de carbono será cobrada no mundo e o estado tem um potencial enorme para isso. Da última vez que consultei esse número, tínhamos capacidade para gerar 13GW e só consumíamos 1GW. O que falta para o estado é o consumo dessa energia, não só exportar, mas também usar para produção do estado”, defende o pesquisador da UFRN.

Uma das críticas que se faz a equipamentos como data centers é o alto consumo de recursos naturais, como energia e água. Mas, segundo o professor, tudo depende das técnicas empregadas no processo de resfriamento.

““Um dos mitos é que os data centers consomem muita água, mas isso depende de como esses equipamentos serão refrigerados. O que se faz no exterior, geralmente, para economizar energia? Usa-se um sistema de resfriamento que, basicamente, é circular a água por dentro de trocadores de calor e parte dessa água se perde por evaporação, tem que alimentar com uma grande quantidade de água. Mas, essa é apenas uma forma. Em vez de usar um circuito aberto, no qual a água pode evaporar, você pode usar um circuito fechado com ventiladores para resfriar em serpentinas, como no nosso ar-condicionado, mas ao invés de gás, é com água. Isso gasta mais energia do que gastaria com outros sistemas, mas temos energia limpa em abundância. Mesmo que usemos mais energia para refrigerar, ela será limpa, não vai haver degradação de recursos naturais”, destaca Xavier.

Outra crítica à instalação de data centers é a baixa empregabilidade de mão de obra, já que os equipamentos de alta tecnologia têm um elevado padrão de automação.

““Depende do nível de automação que se vai colocar nesses data centers. Geralmente, há uma elevada automação onde a mão de obra é muito cara, não é o caso do Rio Grande do Norte. Aqui, apesar da mão de obra ser qualificada, ela não é muito cara. O que pode ocorrer é que, para baratear a operação desses data centers você pode empregar muita gente ao invés de comprar a tecnologia de automação ou contratar gente de fora para operar remotamente. Também há os empregos indiretos que você pode gerar a partir disso, tem toda a parte de manutenção que precisa ser feita por pessoas daqui, não tem como automatizar”, finaliza Xavier.

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