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Relatório de inteligência da polícia de Minas Gerais, identifica 20 dos 26 suspeitos mortos na ação na madrugada deste domingo em Varginha (MG). Segundo a investigação, os suspeitos integravam uma quadrilha especializada em assaltos a banco aos moldes do “novo cangaço”, tática também conhecida como “domínio de cidades”.
De acordo com o relatório, havia três núcleos de origem do grupo, identificados com base nos endereços dos suspeitos. Dois deles no interior de Minas Gerais e outro em Goiânia (GO). Ao menos seis dos mortos já tinham tido passagem pelo sistema prisional.
Oficialmente, contudo, a Polícia Civil de Minas Gerais divulgou hoje o nome de apenas três dos mortos —- um deles, Gerônimo da Silva Sousa Filho, não consta da lista interna da polícia, que traz fotos de 16 de 20 suspeitos (também depois de mortos).
A polícia afirma que os suspeitos estavam escondidos em duas chácaras na área rural de Varginha, onde planejavam um mega-assalto para roubar cerca de R$ 65 milhões de uma central de valores do Banco do Brasil na cidade. Segundo a PM, “olheiros” do grupo abriram fogo contra os agentes, que revidaram. No local, os agentes afirmam ter encontrado cerca de 40 kg em explosivos e armas de grosso calibre —entre elas, um fuzil ponto 50, com capacidade para abater um helicóptero.
Núcleo de Uberaba (MG)
- Thalles Augusto Silva, 32 anos – Tinha passagem pelo sistema prisional
- Júlio César de Lira, 36 anos – Tinha passagem pelo sistema prisional
- Dirceu Martins Netto, 24 anos
- Itallo Dias Alves, 25 anos
- Gleisson Fernando da Silva Morais, 36 anos
- Arthur Fernando Ferreira Rodrigues, 27 anos
- Francinaldo Araújo da Silva, 44 anos
Núcleo de Uberlândia (MG)
- Raphael Gonzaga Silva, 27 anos – Tinha passagem pelo sistema prisional
- José Rodrigo Dama Alves, 33 anos – Tinha passagem pelo sistema prisional
- Gilberto de Jesus Dias, 29 anos – Tinha passagem pelo sistema prisional
- Evando José Pimenta Júnior, 37 anos
- Luiz André Felisbino, 44 anos
- Giuliano Silva Lopes, 32 anos
Núcleo de Goiânia (GO)
- Isaque Xavier Ribeiro, 27 anos – Tinha passagem pelo sistema prisional
- Romerito Araújo Martins, 25 anos
- Zaqueu Xavier Ribeiro, 40 anos
- Eduardo Pereira Alves, 42 anos – Morava em Brasília
Os outros mortos
- José Filho de Jesus Silva Nepomuceno, de 27 anos – Morava no Maranhão
- Nunis Azevedo Nascimento, 33 anos – Morava em Porto Velho/RO
- Gerônimo da Silva Sousa Filho, de 28 anos – Morava em Porto Velho/RO
- Adriano Garcia, 47 anos – Único dos suspeitos que morava em Varginha, onde o grupo foi encontrado
A corporação informou que as vítimas foram retiradas com vida do local, informação contestada por especialistas em Segurança Pública.
“É uma informação, no mínimo, questionável. É difícil imaginar que todos os suspeitos sobreviveram inicialmente a uma troca de tiros com armas de alto poder de fogo. [A retirada dos corpos] esvazia a investigação e o laudo de perícia de local. Não estou dizendo que houve uma adulteração da cena do crime, mas isso precisa ser investigado”, analisou Cássio Thyone Almeida de Rosa, perito federal aposentado e conselheiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Luis Felipe Zilli, sociólogo e pesquisador da Fundação João Pinheiro, entende que a ação poderia ter sido mais bem planejada. “A Polícia Militar teve uma semana para planejar essa ação, que foi feita sem a participação da Polícia Civil. Com a morte dos suspeitos, também se perde a oportunidade de buscar informações que seriam fundamentais em investigações contra o novo cangaço no Brasil”, diz o sociólogo.
O governador de Minas, Romeu Zema (Novo), chamou os policiais envolvidos de “heróis”. “Em Minas a criminalidade não tem vez. As forças de segurança do estado trabalham com inteligência e integração para impedir ações criminosas”, disse no domingo.
O caso está sendo investigado pela Polícia Civil de Minas Gerais e pela própria PM, que instaurou um inquérito policial militar para apurar as circunstâncias da ocorrência.