Por
Rodrigo Tomazini
Robério Paulino
Como se já não bastasse toda a tentativa golpista do dia 08/01/2023, com a invasão e depredação dos prédios dos Três Poderes da República em Brasília, a divulgação essa semana de outra trama golpista da gangue de Bolsonaro, dessa vez com os assassinatos de Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes, escandalizou o país.
Na última quinta-feira, dia 21/11, a Polícia Federal concluiu o inquérito sobre a tentativa de golpe de Estado logo após as eleições de 2022 e o entregou ao Supremo Tribunal Federal, num relatório com mais de 800 páginas,indiciando 37 pessoas, entre elas Jair Bolsonaro, seu vice nas últimas eleições presidenciais, o General Braga Neto, o General Augusto Heleno, Alexandre Ramagem, Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, entre outros.
Eles responderão pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. Isso depois de 4 anos de um governo desastroso, que levou à morte de mais de 700 mil brasileiros na pandemia.
Esse inquérito é também, de certa forma, um desdobramento do inquérito aberto em 2021, sobre a atuação das milícias digitais, organizadas para atacar a democracia e o Estado Democrático de Direito e que levou Roberto Jeferson à prisão.
Segundo a PF, o plano dos golpistas, descoberto no telefone do tenente-coronel Mauro Cid por um programa israelense, mesmo após deletado, era assassinar o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. Uma reunião foi realizada pelos golpistas na própria casa de Braga Neto para discutir todo o plano.
São fatos estarrecedores, como disse o presidente do STF, Luís Roberto Barroso. Veja-se: não estamos tratando apenas de um golpe de Estado, mas do assassinato mesmo(!!!) de um presidente democraticamente eleito, puro banditismo. Um desrespeito completo à vontade e ao voto de milhões de brasileiros. O ministro Moraes só não foi interceptado em Brasília por militares, os chamados Kids Pretos, porque saiu do ponto em que estava 15 minutos antes.
Com um enorme grau de cinismo e desfaçatez, o senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente, disse em suas redes sociais essa semana que “Pensar em matar alguém não é crime”, acerca do plano para matar Lula. É essa gente que se diz cristã, contrariando tudo que pregava Cristo.
Felizmente, vencemos, todo o plano falhou, mas foi por pouco. Passamos novamente pelo risco de entrar em outra ditadura militar no Brasil, em pleno Século XXI. Pelo menos, o fracasso do golpe também serviu para mostrar o despreparo, a incompetência dessa gente. Imagine-se o Brasil numa guerra contra um exército estrangeiro profissional, conduzido por esses “gênios”. São violentos contra seu próprio povo, especialistas em reprimir movimentos sociais, mas não aguentariam uma semana de guerra contra um exército profissional.
É preciso punir rigorosamente os golpistas, para que todos saibam, doravante, que quem tentar dar golpe contra a democracia no Brasil novamente será preso, julgado e condenado, mesmo que sejam generais da mais alta patente. Não é momento de titubear. A história do Brasil nos ensina: nosso país, após a transição democrática negociada, anistiou os golpistas de 64. E o resultado é visto até hoje: os militares se sentem no direito de ameaçare chantagear a democracia, colocando-se acima da lei, se arvorando tutores da nação.
Os fascistas que estavam escondidos atrás das fardas, nosquartéis e associações militares, ressurgiram e novamente tentaram um golpe militar. Ao criticar aqui os golpistas quase assassinos, não nos referimos, evidentemente, a todos os militares, porque sabemos que há muita gente séria e amante da democracia entre eles. Mas fica também uma pergunta: o que farão as FFAA brasileiras, vão limpar seu nome, expulsando de suas fileiras essa gangue e se afastando de vez de Bolsonaro ou vão lhes dar cobertura, ficando caladas?
Como disse Ricardo Kotscho, em artigo na Folha de São Paulo no dia 24/11/2024, deveríamos aproveitar este grave momento da vida nacional para rediscutir o próprio papel da Forças Armadas num país democrático em tempos de paz, devolvendo-as à sua missão constitucional de zelar pelas nossas fronteiras e por nossa soberania, mas nunca ameaçarem a democracia e o Estado Democrático de Direito quando bem quiserem.
De todo esse caso fica claro que a guerra contra o fascismo ainda não acabou, enquanto essa gente não estiver fora de circulação e se fizer uma grande limpeza nas Forças Armadas. O fascismo segue bem vivo no Brasil. Se uma punição rigorosa não lhes for aplicada,poderemos ter um novo golpe militar a qualquer hora, ameaçando a vida de muitos, como pretendiam matar o próprio Lula. Ainda mais com a eleição de Trump nos Estados Unidos, que fortalece toda a direita mundial. Através de muita mentira nas redes sociais e de uma campanha com investimentos milionários, Trump foi o primeiro presidente eleito mesmo estando condenado nos Estados Unidos pela invasão ao Congresso. Não podemos aceitar isso no Brasil!
Para exigir punição rigorosa dos golpistas e defender a democracia, foram convocadas grandes manifestações de rua no dia 10 de dezembro. As centrais sindicais, os movimentos sociais, os partidos políticos democráticos, precisam colocar peso na construção desses atos e levar milhares às ruas. Todos precisam participar. Não é hora de se omitir. Vamos exigir nas ruas a prisão de Jair Bolsonaro, dos 36 golpistas e dos criminosos do dia 08/01/2023.
Ditadura nunca mais!
Sem anistia!
Viva a democracia!