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Petrobras planeja novo aumento nos preços dos combustíveis, diz governo

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Brasília (AE) – O presidente da República, Jair Bolsonaro, afirmou nesta quarta-feira (15), que a Petrobras está “dando dica de que quer aumentar os combustíveis de novo”. “Não interessa quanto seja o aumento, já está absurdo o preço dos combustíveis”, declarou em entrevista ao canal no YouTube da jornalista Leda Nagle.

Como mostrou o Broadcast/Estadão, houve uma reunião entre a cúpula do governo e a diretoria da estatal na noite de segunda-feira para tentar impedir um novo aumento dos combustíveis planejado para esta semana. A ideia seria aumentar a gasolina em 9% e o diesel em 11%, amenizando assim a defasagem de preços com o mercado internacional.

A alta dos combustíveis é considerada um risco para os planos de reeleição de Bolsonaro pelos impactos na popularidade do governo em ano eleitoral.

Nesta quarta, a Câmara aprovou o texto-base do projeto de lei complementar patrocinado pelo Palácio do Planalto que fixa um teto de 17% para o ICMS sobre combustíveis, energia elétrica, telecomunicações e transporte coletivo.

Na entrevista, Bolsonaro também reiterou críticas à Petrobras. “Temos dois problemas no Brasil: impostos e Petrobras”, declarou o presidente, que nesta quarta-feira chamou o lucro da empresa de “extorsivo”. “Petrobras tem insensibilidade e existe para dar lucro a funcionário e acionista”, acrescentou.

Segundo ele, a Petrobras não precisa anunciar reajustes “imediatamente” após a variação do petróleo no exterior. “Até a questão da PPI Preço de Paridade de Importação, você não precisa reajustar imediatamente quando aumenta o preço lá fora”, declarou.

Criticada por Bolsonaro, mas também pelo seu principal adversário nas eleições deste ano, o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a política de preços da Petrobras determina que o valor do barril de petróleo será atrelado à cotação da commodity no mercado internacional.

De acordo com Bolsonaro, a crise dos combustíveis agora será resolvida. “Não resolveu mudar presidente da Petrobras em outras ocasiões, mas pode ter certeza que você vai descobrindo as coisas com o tempo. Vai ser resolvida esta questão dos combustíveis. Vai ser transparente”, declarou, sem explicar a qual suposta falta de transparência se referia.

Ele confirmou a dificuldade do governo em trocar o comando da Petrobras. “Estamos há um mês tentando trocar presidente da Petrobras e não conseguimos. Sachsida está tentando”, declarou.

Adolfo Sachsida é o ministro de Minas e Energia empossado no lugar de Bento Albuquerque, demitido por não conseguir impedir os reajustes da Petrobras em ano eleitoral.

Bolsonaro se confundiu ao longo da entrevista e disse que o preço do combustível no País é potencializado pela guerra entre Ucrânia e “Estados Unidos”, em vez de Rússia. “Preço de combustível está absurdo no mundo, mas no Brasil poderia estar mais barato”, declarou o presidente, que ainda prometeu “nunca mais” restaurar a incidência de imposto federal sobre o gás de cozinha.

Defasagem do diesel sobe para 18%
Rio (AE) – A defasagem do preço do diesel subiu para 18% nesta quarta-feira (15), contra 16% da véspera, elevando a necessidade de reajuste pela Petrobras para mais de um real por litro do combustível (R$ 1,08), segundo dados da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom).

Já no caso da gasolina, a defasagem caiu de 16% para de 14% e o aumento deveria ser de R$ 0,67 por litro para alinhar os preços aos praticados no Golfo do México, nos Estados Unidos, referência para o comércio global de combustíveis.

O mercado brasileiro aguarda para qualquer momento um reajuste pela Petrobras, que mantém o preço da gasolina inalterado há 97 dias e o diesel há 37 dias.

O governo vem pressionando a diretoria da estatal para que mantenha os preços congelados, mas, segundo fontes, os executivos estão dispostos a dar o aumento para preservar o caixa da empresa.

O petróleo não para de subir no mercado internacional, operando acima dos US$ 120 o barril, e o dólar também se mantém em alta, ultrapassando os R$ 5.

Segundo especialistas, a tendência é de continuidade de alta por causa da guerra entre a Rússia e a Ucrânia e pelo crescimento da demanda no pós covid-19, o que pode colocar em risco o abastecimento de diesel no Brasil por escassez de oferta. Sem preços alinhados, os importadores deixam de trazer diesel para o País.

A Acelen, que controla a Refinaria de Mataripe, na Bahia, segunda maior processadora de petróleo do País e única de grande porte privada, tem reajustado seus preços semanalmente, acompanhando a paridade internacional.

Segundo a Abicom, os preços da Acelen registram defasagem de 5% no diesel e de 1% na gasolina. Por este motivo, a empresa está sendo questionada no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) pelo Sindicombustíveis Bahia.

Na terça-feira, após o fechamento do mercado, a Petrobras reafirmou que vai manter seu compromisso com a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado, mas que evita o repasse imediato da volatilidade externas e da taxa de câmbio causadas por eventos conjunturais.

“A Petrobras monitora continuamente os mercados, o que compreende, dentre outros procedimentos, a análise diária do comportamento de nossos preços relativamente às cotações internacionais”, afirmou em nota.

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